“OPOSIÇÃO NÃO TEM HIPÓTESE” DE VENCER ELEIÇÕES EM ANGOLA
As palavras são do antigo deputado angolano Makuta Nkondo,um dos oradores de um debate sobre as eleições organizado pelo CIP de Angola. A pouco menos de oito meses para as eleições em Angola, aumentam as expectativas e reflexões em torno do processo. Foi com este espírito que o Centro de Integridade Pública (CIP – Angola) realizou, na 15.02.17, uma palestra sob o tema “Surgimento de Novos Partidos Políticos e Perspectivas para Eleições de Agosto Próximo”. Em entrevista à DW África, à margem do evento, Makuta Nkondo, jornalista e antigo deputado independente pela bancada parlamentar da UNITA, afirmou que é nula a possibilidade de a oposição ganhar esta corrida contra o MPLA. “A oposição não tem hipótese porque tudo está nas mãos do MPLA. Tudo está a ser cozinhado à maneira deles”, afirmou. Também presente no debate, António Francisco Hebo, mentor do partido político “Pomba Branca”, à espera de legalização no Tribunal Constitucional, não vê com bons olhos a preparação das eleições. “As eleições não estão a ser bem preparadas porque não temos uma Comissão Nacional Eleitoral (CNE) independente”, afirmou António Francisco Hebo, acrescentando que a “CNE está dependente dos partidos políticos com assento no Parlamento”. O maior partido na oposição, UNITA, tem admitido a possibilidade de se coligar com outros partidos para derrubar o MPLA, no poder desde 1975, altura em que Angola se tornou independente. No entanto, na opinião do mentor do “Pomba Bran- ca” esta matéria levanta algumas questões: “Quem é que vai liderar a coligação? Se dentro dos partidos os mais velhos não querem deixar as cadeiras, estão a lutar entre si, imagine numa coligação? Será que o Presidente Isaías Samakuva vai aceitar que Abel Chivukuvuku seja o cabeça de lista da coligação? Ou o presidente Abel Chivukuvu vai aceitar que Isaías Samakuva ou Francisco Hebo sejam cabeça de lista?”, interroga. Face a esta realidade, o antigo deputado Ma- kuta Nkondo não prevê grandes mudanças na Assembleia Nacional na próxima legislatura, afirmando que “nunca poderá haver equilíbrio no Parlamento”. A sociedade aguarda por novidades sobre as figuras dos futuros legisladores da oposição. No entanto, Makuta Nkondo duvida que estas apareçam: “nunca haverá novidades. Novidades é quando se incorpora figuras neutras, independentes, figuras cívicas nas listas”, afirma. A lista dos membros do MPLA candidatos a deputados, presidente e vicepresidente da República já é conhecida. João Lourenço é o cabeça de lista e poderá concorrer com Isaías Samakuva, da UNITA, bem como Abel Chivukuvuku, da CASACE, caso sejam confirmados nos seus respectivos partidos. Também Franco Marcolino Nhany, secretáriogeral da UNITA, criticou a política actual de Angola. Numa conferência em Luanda, o político afirmou que José Eduardo dos Santos “decidiu sair sem sair” ao anunciar o nome de João Lourenço como candidato às eleições gerais deste ano. “Sobre a pseudo-sucessão de José Eduardo dos Santos por João Lourenço, a nossa posição é clara: O senhor presidente do MPLA decidiu sair sem sair. Continua a dirigir o MPLA na sua lógica de que é o partido que inspira a acção do Governo”, criticou. O secretário-geral da UNITA considerou igualmente que a figura de João Lourenço, vice-presidente do MPLA, “foi imposta” pelo seu líder. “O senhor presidente do MPLA continua a impor, a todo o custo, a sua vontade ao MPLA, mas quem executa a sua vontade passa a ser uma outra pessoa, que não foi eleita por sufrágio directo e secreto. Esta pessoa que foi imposta chama-se João Lourenço”, apontou Franco Marcolino Nhany. Para o político, “esta pseudo-sucessão” enquadra-se apenas na lista de candidatos a deputados do MPLA “e não na presidência do MPLA e muito menos na presidência da República, porque nas repúblicas não há sucessões, há eleições e as eleições em Angola serão em Agosto de 2017”.