IRREGULARIDADES? NÃO. CRIME DO ESTADO
Ângelo da Veiga Tavares veio a terreno dizer que houve algumas irregularidades neste assassinato. Com uma lata descomunal (também isso faz parte do ADN do regime) disse: “Temos a humildade de publicamente pedir desculpas aos pais e aos alunos na certeza de que tudo está ser feito para que os alunos não sejam prejudicados”. É mais ou menos como chegar ao pé dos familiares de Alves Kamulingue e Isaías Cassulev, reconhecer o erro e garantir que, dadas as circunstâncias, eles vão continuar… mortos. Apesar deste acto de contrição, as autoridades do regime levaram a julgamento alguns responsáveis do Colégio a quem acusam de ter actividades associadas ao financiamento ao terrorismo internacional e branqueamento de capitais. O que, aliás, corresponde à nota de acusação que Recep Tayyip Erdo an forneceu ao regime de José Eduardo dos Santos. “Representantes do Ministério da Educação e do SME (Serviço de Migrações e Fronteira) apareceram na escola, chegaram e interromperam as aulas. Houve um grande alarido. Os professores fizeram uma fileira e estavam rodeados da polícia. A Polícia foi violenta mesmo em frente às crianças. Também estou muito chateada pela forma como humilharam os pro- fessores na minha frente”, contou Tchissola Figueiredo, estudante do Colégio e testemunha ocular. Segundo José Eduardo dos Santos o colégio tinha de ser encerrado devido à “necessidade de se garantir o bem-estar e a segurança dos cidadãos num clima de paz e harmonia social, sem quaisquer divisionismos susceptíveis de atentar contra a unidade e a integridade territorial”. Eduardo dos Santos, seguindo o guião do seu homólogo turco, colocou os seus “jornalistas/ sipaios” a divulgarem supostas ligações do colégio ao movimento de Fethul- lah Gülen, acusado pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan de ser responsável pela suposta tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho de 2016, na Turquia. Na Nigéria, em Julho do ano passado, o embaixador turco tinha pedido ao Governo que encerrasse 17 escolas ligadas a Gülen.
Ângelo da Veiga Tavares veio a terreno dizer que houve algumas egularidades neste assassinato.