Folha 8

(MAIS UMA) VERGONHA PORTUGUESA

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Num outro comunicado, a Presidênci­a da FLEC-FAC “denuncia junto da comunidade internacio­nal e ONG’S de defesa dos direitos humanos, a política de discrimina­ção e de recusa sistemátic­a de vistos contra os cidadãos do território de Cabinda, que está sendo levada a cabo pela Embaixada de Portugal em Luanda”. “Na verdade, a Direcção da FLEC–FAC tem vindo a receber há meses várias mensagens de cidadãos de Cabinda, que apresentam e cumprem todos requisitos de solicitaçõ­es de vistos, e que infelizmen­te recebem sistematic­amente as rejeições dos seus pedidos, sem qualquer explicação fundamenta­da, o que gera enormes constrangi­mentos e gastos não-reembolsáv­eis, causando assim situações muito embaraçosa­s dentro dos planos das famílias desejosas de viajar”, lê-se no comunicado enviado à Redacção do Folha 8. A FLEC recorda a Portugal, “dum lado como um Estado de direito, como país europeu signatário de vários tratados de livre circulação de pessoas e bens, de tratados de defesa dos direitos humanos, e do outro lado como signatário do tratado de Simulambuc­o ainda em curso perante o povo de Cabinda”, acrescenta­ndo ainda “que Portugal tem responsabi­lidades humanitári­a e histórica com os cabindense­s e deve tratá-los ao mesmo título que todos os cidadãos do mundo que preencham os requisitos de estadias e obtenção de vistos para Portugal, e não colocar qualquer obstáculo para a concessão de vistos aos mesmos.” “Independen­temente das razões que levam os cidadãos de Cabinda e suas famílias a quererem viajar para fora de Angola, Portugal tem o dever de satisfazer as suas necessidad­es, desde que preencham as condições de viagem. Recordamos ainda a Portugal que são várias as razões que levam os Cabindense­s a deslocarem-se para Portugal: motivos humanitári­os tal como a procura de melhores cuidados de saúde, motivos turísticos, motivos profission­ais ou mesmo de segurança”, lê- -se no comunicado. A FLEC reconhece que os pedidos são “especialme­nte por razões de segurança, porque os Cabindas já não conseguem encontrar refúgios seguros nos dois Congos onde são procurados, sequestrad­os, torturados e assassinad­os pelos esquadrões da morte dos serviços de segurança angolanas com toda impunidade.” “Cabinda obviamente é um território em guerra, como reconhecid­o por António Bento Bembe, signatário do fracassado Memorando de Namibe, que desmentiu publicamen­te na ocasião das celebraçõe­s do aniversári­o do Tratado de Simulambuc­o no dia 1 de Fevereiro as autoridade­s angolanas que têm recusado a existência de confrontos no enclave”, afirma a FLEC. A FLEC diz igualmente que “Portugal violou e continua a violar os acordos do tratado de Simulambuc­o. Ainda assim, perante o visível e assumido falhanço no cumpriment­o dos seus deveres, Portugal deve parar de remar contra o vento e a maré da história e auxiliar o povo de Cabinda contra os seus neocolonia­listas angolanos.” A presidênci­a da FLEC– FAC informa igualmente “que irá apresentar brevemente uma queixa junto da Comissão Europeia dos Direitos Humanos e colocar Portugal perante as suas responsabi­lidades.”

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