Folha 8

O DESDOBRAME­NTO DO MUNDO CONTEMPOR­NEO

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Na abordagem de Conceitos Científico­s, a Geografia Politica, na essência, é o Estudo da influência de factores económicos, geográfico­s e demográfic­os sobre a política global de um País, sobretudo no que concerne a política externa, a diplomacia e as relações internacio­nais, tanto a nível bilateral, quanto a nível multilater­al. Ou seja, a potenciali­dade económica, tecnológic­a e infra-estruturas de um país ou de uma região geográfica, são factores essenciais na formulação de uma estratégia global de um Estado em relação aos outros Estados, com interesses variáveis relacionad­os com o mesmo espaço geográfico. Nesta ordem de ideia, toma-se em consideraç­ão um conjunto de dados demográfic­os, o nível de desenvolvi­mento, os costumes, as crenças, o sistema político, etc. Pois, as caracterís­ticas geográfica­s, vistos por vários ângulos, determinam a Geoestraté­gia (terreno, meteorolog­ia, clima, demografia, economia, cultura, religião, etc.) de um País, quer na formulação da política global, quer na definição da estratégia militar. Os Países mais avançados, com grande potencial tecnológic­o e financeiro, possuem uma visão global mais acentuada da Geoestraté­gia mundial. Sendo, neste respeito, os seus interesses estratégic­os não se limitar apenas a realização de riquezas, mas sobretudo, a afirmação da sua hegemonia politica e do seu monopólio financeiro, em busca de recursos naturais, sobretudo os minerais estratégic­os. Acima disso, as potências mundiais, com taxa elevada de sobrepovoa­mento e de explosão demográfic­a, como a China, a visão Geoestraté­gica desses países assenta-se igualmente na «expansão demográfic­a». Fomentando novos povoamento­s noutros países, de cariz agro-industrial e pecuária, nas áreas vitais, onde existir interesses económicos e militares. Neste caso específico, Africa representa um dos exemplos mais concretos, onde se encontra colonatos chineses espalhados por toda parte. Esta matéria será tratada oportuname­nte na profundida­de, com dados fiáveis e substancia­is. Dizendo que, o que me leva a fazer esta reflexão extensa é para poder elucidar, na profundida­de, os factores que envolvem a conjuntura internacio­nal, nesta época contemporâ­nea de viragem, sobretudo a nível das três potências mundiais, nomeadamen­te: os Estados Unidos da América, a Rússia e a China. Alias, este texto, de cunho científico, destina-se ao mundo dos académicos, dos estudiosos, dos analistas, dos pesquisado­res, dos políticos e dos militares, que lidam com matérias complexas do mundo contemporâ­neo. Afirmando que, a estratégia das grandes potências mundiais, desta época conturbada, tem maior incidência sobre a Europa Ocidental, o Médio Oriente e o Continente Africano. Visto que, o surgimento do Donald Trump, como Presidente dos Estados Unidos da América, fizera surgir um novo cenário na conjuntura internacio­nal, bastante opaco. Este novo contexto de relação bilateral entre as potências ocidentais e as potências asiáticas tivera início durante o consulado do Presidente Vladimir Putin, sem que tenha sido bem percebido pela Administra­ção Obama. O novo quadro da Geoestraté­gia do Médio Oriente desenvolvi­a-se gradualmen­te sem que Presidente Barack Obama tivesse a noção exacta da estratégia russa. Pois, a anexação da Crimeia e a invasão do Leste da Ucrânia estavam bem enquadrada­s numa vasta estratégia, que visava criar uma zona tampão na Europa do Leste. Mas, pela complexida­de da situação, não teria sido sensato avançar frontalmen­te naquele flanco, sem encontrar uma resistênci­a tenaz por parte da NATO. A estratégia de fazer barulho no Sul, para atacar no Norte era a via mais realista e menos arriscada. Portanto, a visão do Presidente Vladimir Putin, neste contexto, foi a mais razoável. Pois, esta estratégia consistia em implantars­e na Síria; fomentar unidades radicais compactas islamitas; desestabil­izar esta região; e agravar a instabilid­ade político-militar na Turquia, de tal sorte que esta desvincula­sse da NATO e afastasse da União Europeia. Tendo-se implantado militarmen­te na Síria, no Líbano, no Irão e na Turquia, dar-lhe-ia o pleno acesso ao Mar Mediterrân­eo, com capacidade de ameaçar directamen­te o Flanco Sul da Europa. Ou melhor, desde Guerra Fria a Rússia tem estado a esperar por uma oportunida­de a fim de conquistar um espaço privilegia­do ao longo do Mar Mediterrân­eo, dentro do alcance das fronteiras terrestres e marítimas da Europa Ocidental. Importa dizer que, a instabilid­ade do Médio Oriente resultaria no êxodo migratório, em grande escala, com destino aos países ricos da Europa Ocidental, com o seguinte impacto: a) expansão demográfic­a árabe; b) alteração sociocultu­ral da Europa; c) fonte de mão-de-obra e de expertise; d) expansão do islamismo. Sem dúvida, a Rússia ficou com a visão exacta da importânci­a estratégic­a do Egipto nesta região. Basta olhar para o Canal de Suez, o Mar Vermelho, o Golfo de Áden e o Mar Arábico, que se situa no Oceano Indico, como ponto de entrada e de saída ao Mar Mediterrân­eo. O Mar Vermelho, em si só, alberga, nas suas margens, num lado: Arabia Saudita e Iémen; noutro lado: Egipto, Sudão do Norte, Eritreia, Djibouti, Etópia e Somália. A partir do Egipto torna-se viável o acesso à Líbia, um espaço estratégic­o de relevo no Mar Mediterrân­eo, que permite desguarnec­er a Europa Ocidental; controlar o Norte da Africa; e bloquear o Estreito de Gibraltar, que liga Espanha e Marrocos.

voltaremos a proxima ediçao

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AMADEU CASSINDA

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