Folha 8

UMA VERGONHA DE TODO O TAMANHO

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Em Junho de 2015, por exemplo, o jornal “The New York Times” mostrava a dura realidade dos serviços de saúde de Angola, o país do mundo com o maior índice de óbitos entre crianças, e ligou-os aos números devastador­es da corrupção do regime. Tudo começava, na reportagem, com uma mãe e uma avó que viam morrer em frente aos seus olhos o seu menino. É José. O hospital é impecável, pelo menos nas infra-estruturas e limpeza. Mas, como em tantos outros que aparecem na reportagem, faltam médicos e enfermeiro­s. Há 60 mil crianças que morrem todos os dias no mundo. Mas em nenhum país morrem mais crianças do que em Angola. “Ainda assim o governo decidiu cortar os custos com a saúde em 30%”, alertava o jornalista Nicholas Kristof que, juntamente com Adam B. Ellick, assinam o trabalho do jornal norte-americano. Os jornalista­s do “The New York Times” apontavam, e bem, a corrupção como o factor que espoleta esta tragédia humanitári­a em Angola e mostraram imagens das festas do centro da capital Luanda em que Porsche e Jaguar são meio de transporte habituais e o champanhe é rei nos balcões dos bares. O jornal norte-americano descrevia Angola como um país de muitas e profundas desigualda­des, em que o petróleo e os diamantes deviam ser mais do que suficiente­s para evitar a morte de crianças. Nicholas Kristof diz que a maior parte dos casos de morte de menores eram possíveis de prevenir e no texto introdutór­io da reportagem afirma que nunca mais poderá fazer outro trabalho igual em Angola. “Angola naturalmen­te não recebe bem os jornalista­s. Demorei cinco anos até conseguir um visto para entrar em Angola, e depois desta reportagem duvido que mais alguma vez consiga entrar no país enquanto este regime estiver no poder”, avança o jornalista.

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