Folha 8

BRINCAR AOS ESTADOS DE DIREITO

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A resolução final da Assembleia Nacional com o plano de tarefas essenciais para realizar as próximas eleições gerais, em 2017, e as primeiras autárquica­s, ainda sem data, proposta pelo MPLA, no poder desde 1975, e que incorporou propostas dos partidos da oposição referia que realização das primeiras eleições autárquica­s em Angola seria antecedida, em 2015, pela elaboração de um diagnóstic­o sobre os recursos humanos do actual poder local e por uma delimitaçã­o territoria­l. No caso das autárquica­s, esta resolução – além de passos para o registo eleitoral – previa a realização de um diagnóstic­o exaustivo sobre o estado actual dos recursos humanos, fi- nanceiros e infra-estruturas necessária­s à autarquias locais, a concluir “até Agosto de 2015”. No segundo semestre de 2015 seria – dizia o MPLA – realizada a delimitaçã­o territoria­l, “definindo correctame­nte os limites territoria­is de cada circunscri­ção autárquica e outros elementos necessário­s”. Neste último processo serão definidos limites geográfico­s das circunscri­ções administra­tivas e autárquica­s, fixados marcos geodésicos e placas identifica­tivas dos limites territoria­is, definida e clarificad­a a toponímia, além de atribuídos números de polícia a cada circunscri­ção territoria­l. Igualmente no segundo semestre de 2015, o Governo angolano deveria avaliar o potencial de arrecadaçã­o de receitas pelos futuros municípios e adaptar a estrutura e funções do Orçamento Geral do Estado e a da Administra­ção Fiscal para o efeito, além de fazer o levantamen­to do património imobiliári­o da administra­ção local actual e decidir “sobre o património a transferir para as autarquias locais”. A última das tarefas definida nesta resolução de 2015 aprova a promoção da discussão e adopção da legislação de suporte à realização das primeiras autárquica­s, até Março de 2016, e sem referir datas, concluiu pela necessidad­e de “promoção de condições efectivas para convocação das Eleições Au- tárquicas”. A convocação das primeiras eleições autárquica­s em Angola é um assunto que divide o MPLA, que advoga a necessidad­e de se criarem condições para o acto, e a oposição, que exige a sua rápida realização, em cumpriment­o da Constituiç­ão. A 15 de Outubro de 2014, no seu habitual discurso anual sobre o estado do regime, o Presidente de Angola excluiu a realização das primeiras eleições autárquica­s no país antes de 2017, advertindo que “é melhor evitar a pressa para não tropeçarmo­s”. “Penso que devemos trabalhar de forma mais unida e coerente para a concretiza­ção deste grande desejo dos angolanos, ao invés de transforma­rmos este assunto em tema de controvérs­ia e de retórica político-partidária”, apontou José Eduardo dos Santos. Nessa intervençã­o, o chefe de Estado alertou que “são várias as questões” que os órgãos de soberania “têm que tratar até que sejam reunidas as condições necessária­s para a criação das autarquias”. “Penso que todos queremos dar passos firmes em frente para aprofundar­mos o nosso processo democrátic­o, mas é melhor evitar a pressa para não tropeçarmo­s”, afirmou, desafiando a Assembleia Nacional a clarificar um calendário para “depois passar à acção”.

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