DINHEIRO DO ESTADO AO SERVIÇO DO MPLA
Nos últimos dias têm sido divulgadas pelos órgãos do MPLA (que, erradamente, muitos teimam em chamar estatais), com destaque, as várias iniciativas de campanha do cabeça-de-lista do MPLA às próximas eleições gerais, o general João Lourenço, nomeadamente os comícios nas províncias da Huíla (18.02) e da Lunda Norte (20.02). O MPLA, no poder em Angola desde 1975, foi único partido até ao momento a divulgar publicamente as listas candidatas (círculos nacional e provinciais) às eleições gerais previstas para Agosto. “As iniciativas ora tomadas serão seguidas de outras complementares, procurando pôr cobro à utiliza- ção abusiva e escandalosa dos órgãos públicos de comunicação social”, acusa ainda o grupo parlamentar da UNITA, liderado pelo deputado Adalberto da Costa Júnior. Na mesma nota, o partido do Galo Negro exorta o Governo e o partido no poder (são uma e a mesma coisa) “a abraçarem actos conformados ao Estado de Direito e deixarem de interferir na gestão da comunicação social pública e no condicionamento do trabalho dos jornalistas” que, afirma a UNITA, são “obrigados a violar a Lei e a deontologia profissionais para salvaguardarem os seus empregos”. Esta é boa e digna de registo. Estado de Direito? Onde? Comunicação social pública? Onde? Jornalistas obrigados a violar a lei a deontologia? Onde? Isaías Samakuva, presidente do partido, deverá liderar a lista da UNITA pelo círculo nacional nas eleições gerais deste ano em Angola, concorrendo assim ao cargo de Presidente da República contra João Lourenço, do MPLA. O actual chefe de Estado e líder do MPLA desde 1979, José Eduardo dos Santos, não consta das listas do partido e já anunciou que pretende abandonar a vida política em 2018, embora mantendo-se como presidente do MPLA até 2021. Ou seja, tudo ficará na mesma.