ROUBAR é FÁCIL BARATO E Dá MILHÕES
CHAMO-ME ISABEL E SOU A DONA DISTO TUDO
De Grisogono, a joalharia de luxo suíça detida por Isabel dos Santos e pelo marido (Sindika Dokolo), vai abrir uma nova loja em Nova Iorque (EUA) no Outono. Para quem não sabe (isto é como quem diz!), Isabel dos Santos é filha do Presidente do MPLA (José Eduardo dos Santos), do Titular do Poder Executivo (José Eduardo dos Santos) e do Presidente da República (José Eduardo dos Santos) que, aliás, foi quem a nomeou para Presidente do Conselho de Administração da Sonangol. Fundada em 1993 e com clientes como Sharon Stone ou Kim Kardashian, a compra da joalharia foi feita em 2012 através da empresa “Victoria Holding Limited”, uma parceria entre a empresa do regime angolano Sodiam (Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola) e uma empresa privada, “Melbourne Investments”, que tem o marido de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo, como o único proprietário. Segundo a revista Forbes, “não é claro que Dokolo tenha feito algum investimento financeiro na Melbourne Investments ou se a Melbourne contribuiu com dinheiro para a compra”. “A Sodiam, enquanto empresa estatal (a sua equipa de gestão, o presidente e directorexecutivo são todos nomeados pelo presidente José Eduardo dos Santos), é obrigada a declarar publicamente todos os seus negócios no país e no estrangeiro, mas até agora a parceria com Dokolo era um segredo”, escreveu a revista em 2014, dois anos depois da compra. No ano passado, a De Grisogono comprou o diamante bruto mais caro do mundo, o Constellation, de 813 quilates, por 63.1 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros). Também em 2016, comprou um diamante de 404 quilates e sete centímetros de comprimento, o maior alguma vez encontrado em Angola, por uma quantia não divulgada. No mês em que foi encontrada esta pedra, outros sete diamantes de grandes dimensões foram descobertos numa mina na província da Lunda Norte, uma zona muito pobre onde não existe electricidade ou ligações telefónicas em grande parte do território. Na campanha presidencial de 2012, no entanto, segundo o que foi divulgados publicamente, também pelo Folha 8, o presidente José Eduardo dos Santos queixou-se de que as receitas da extracção de diamantes na região não chegavam “sequer para pagar as estradas”. A nova loja da De Grisogono vem no seguimento de uma parceria da joalharia, anunciada este mês, com a DLK, que passa a gerir a empresa nos EUA. “De- cidimos fazer parceria com a DLK com o objectivo de perseguir o nosso objectivo de crescimento global e enfatizar o nosso envolvimento em alta joalharia e pedras preciosas”, disse a companhia à Lusa. A De Grisogono até há bem pouco tempo era uma pequena empresa onde trabalhavam 150 pessoas, em Plan-les-ouates, perto de Genebra, na Suíça. Com boutique na Madison Avenue, em Nova Iorque, mas PME de importância mediana no ramo da joalharia e relógios de luxo, de repente, eis que ficamos a saber que essa “cambuta” ambiciona ser líder mundial desse sector. A razão foi (é) uma pedra, grande, um diamante que aterrou na sua mesa como que caída do céu ou por encanto, dando origem a uma mega festança que reuniu 700 VIP’S, modelos de “passerelle” e actrizes, organizada em Maio de 2016 por ocasião do Festival de Cinema de Cannes no Eden Roc e com ampla mediatização na imprensa internacional. O fundador, PCA e director artístico da De Grisogono, Fawaz Gruosi, a partir daí começou a ver o futuro da sua empresa em tons de azul e ouro, com notas verdes pelo meio, depois de ter comprado a referida pedra, excepcional, um diamante angolano de 404 quilates, então recentemente encontrado na mina de Lucapa, província da Lunda-norte. “Estou muito nervoso, este diamante tira-me o sono, é a primeira vez que me preocupo por não ser capaz de fazer o que tenho que fazer. A minha responsabilidade é enorme”, disse Fawaz Gruosi, solicitado a comentar, na sua boutique de Nova Iorque, a descoberta do pedregulho. Responsabilidade tão grande que Gruosi não se aventurou a lapidar o mambo sozinho e recorreu aos serviços do prestigioso lapidário nova-iorquino Ben Green. Compreensível, pois a verdade é que, com o “404”, a sua empresa e ele próprio mudavam de estatuto, como alegou um especialista do ramo diamantífero em Genebra. “Em geral, este tipo de aquisição é reservado às maiores empresas, como a Graff ou a Winston”, disse ele. Trata-se, de facto, de um golpe de mestre. O “404” era o maior diamante jamais descoberto em Angola e nunca a marca De Grisogono tinha obtido uma pedra deste calibre. Mas vamos com calma… por essa altura, o que de maior reboliço e irritação grassava na área diamantífera entre os concorrentes da De Grisonogo, era o ciúme, a sua meteórica ascensão e a exageradamente dispendiosa maneira de divulgar a existência desse diamante na supra-citada gala VIP no Eden Roc, organizada no em pleno Festival de Cinema de Cannes, em Maio de 2016. Por outro lado, sejamos francos, a De Grisogono podia dar-se ao luxo de ser generosa. Porque a sua marca, contas bem feitas, tem aliados que lhe permitem desempenhar um papel de liderança. Recapitulemos. Em 2012, a empresa foi adquirida – por meio de uma montagem ad hoc, offshore – pelo empresário Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos. Monsieur Dokolo avançou com 100 milhões de francos suíços destinados a transformar a De Grisogono num cliente privilegiado de diamantes angolanos destinados à joalharia. Vai de si que, com a compra do “404”, esta visão estratégica se concretizou na prática de maneira deveras espectacular. Por outro lado, Sindika Dokolo também está por trás da Nemesis, uma empresa de diamantes em Dubai, nada de um aparente 18 meses antes. De acordo com o seu director, Nicky Polak, foi ela, a Nemesis, que comprou o “404” à empresa estatal angolana, Sodiam, antes de vender os seus direitos à De Grisogono (que não pagou nem um Luei, só pagaria no final da lapidação e receberá lucros que se contam em milhões de dólares). Portanto, não é preciso ser perito em economia para ver neste lance que o diamante passou de uma empresa do Estado, controlada pela filha do presidente da República, Sodiam, para as empresas privadas, Nemesis e De Grisogono, que são propriedade de Sindika Dokolo, marido da dita filha do presidente. O que suscitou a indignação do jornalista, investigador
e “bête noire” do presidente Dos Santos, Rafael Marques. “Eles vendem-se a si mesmo”, reclama o jornalista investigador. Para ele, o diamante, também denominado “4 de Fevereiro” (em homenagem ao início da resistência armada em Angola de 4 de Fevereiro de 1961), deve ser “confiscado pelas autoridades norteamericanas, já que ele está em Nova Iorque”, porque essa pedra foi “roubada ao povo de Angola”. Estas críticas, no entanto, inspiradas pela (de)lapidação pública feita a 19 de Junho de 2016, publicamente, em Nova Iorque, não devem impedir que o diamante seja vendido. Além de Isabel dos Santos – uma fã de longa data da marca – os clientes da De Grisogono têm pouco interesse em tudo o que toca à política angolana. O problema é obter o melhor preço da pedra “404”, muito, mas mesmo muito acima dos 16 milhões de dólares que ela custou antes de ser cortada e lapidada. “O desafio será planear uma inteligente campanha de marketing na qual terá de se esconder ao comprador o preço final a que ele poderá negociar a transacção”, comentou na altura o especialista de Genebra supracitado. Fawaz Gruosi é optimista. “Nós temos alguém que está interessado o suficiente”, disse ele num outro dia em Nova Iorque. “O “404”, acrescentou Nicky Polak, poderá perfeitamente vir a ser um belo presente de Natal”. Entretanto, perguntas ficam no ar: quantos milhões de dólares do Estado foram vazados para bolsos privados neste lance? Quantos biliões de dólares, em nome da lei instaurada por este regime, em nome dos usos, dos costumes e das velhas técnicas arcaicas de enriquecimento, têm sido, ao longo de décadas, ou melhor, ao longo de séculos, desviados em detrimento do verdadeiro dono do nosso país, o povo de Angola? Ela, a lei, existe, isto não é roubo, é simplesmente um histórico desfalque institucionalizado. A presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Isabel dos Santos, reuniu-se com os presidentes de algumas das maiores companhias petrolíferas mundiais, em Houston, Estados Unidos da América, para “avaliar futuras oportunidades e reforçar relações de cooperação”. Segundo um comunicado oficial, os encontros com responsáveis, designadamente da Chevron, Exxonmobil, Total, Grupo BP e Statoil, para “avaliar futuras oportunidades e reforçar relações de cooperação”, decorrerão durante a CERAweek, uma plataforma internacional de discussão na área da energia. Isabel dos Santos foi, aliás, a oradora convidada no painel ‘ Transforming Global E&P’ da CERAWEEK. Na sua intervenção, segundo o comunicado, Isabel dos Santos partilhou as transformações que tem feito na Sonangol (a maior empresa do Estado/regime) para a “optimização do desempenho financeiro e operacional da empresa”. A empresa angolana entrou em processo de reestruturação, após a posse, em Junho de 2016, de Isabel dos Santos como presidente do Conselho de Administração, cargo para que foi nomeada pelo seu pai, Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tendo chegado ao final desse ano com uma dívida total à volta de 9.000 milhões de euros. Sobretudo concentrados na banca, energia e telecomunicações, os investimentos da milionária empresária angolana em Portugal incluem posições na operadora de telecomunicações NOS, no banco BIC, na Efacec, na Galp e na empresa de comunicações via satélite Upstar, a que se juntam investimentos imobiliários que Isabel dos Santos terá no país a título pessoal. A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) defende que o corte na produção de petróleo acertada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) se mantenha no segundo semestre, disse hoje Isabel dos Santos. Numa entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, Isabel dos Santos disse que Angola apoia a possibilidade de estender o acordo de cortes na produção para além do primeiro semestre. A filha do Presidente de Angola, igualmente irmã do Presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno de Sousa dos Santos, aproveitou também para garantir que vai cumprir o mandato de cinco anos à frente da petrolífera do regime e anunciou que a empresa não tem planos para aumentar a despesa nem neste nem no próximo ano, podendo até baixar face aos níveis de 2015 e 2016. Angola e o Iraque, dois países que já sinalizaram esta vontade, estão ainda abaixo das metas de redução da produção, segundo a Bloomberg, que está nos 78% no caso angolano e nos 58% no caso do Iraque. “Estamos algo satisfeitos, mas estamos ansiosos por melhoramentos no preço do petróleo”, disse o ministro do Petróleo do Iraque, Jabbar Al-luaibi, acrescentando, quando questionado sobre se o acordo para fazer subir o preço deverá manter-se no segundo semestre, que “é provável que isso seja necessário”. A OPEP e mais outros 11 grandes produtores de petróleo concordaram no ano passado reduzir a produção, o que levou a um aumento de 17% nos preços do petróleo nos EUA durante as últimas cinco semanas de 2016. No total, a produção da OPEP caiu para 32,17 milhões de barris por dia em Fevereiro, o que representa uma queda de 65 mil barris face aos valores de Janeiro, o primeiro mês de implementação do acordo, segundo dados da Bloomberg. Registe-se ainda que o Governo do pai de Isabel dos Santos está a estudar a possibilidade de passar a enviar petróleo bruto produzido no país para refinar no estrangeiro, para posterior consumo nacional. Em causa está um despacho assinado pelo ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos, com vista à contratação de uma empresa de consultoria que terá especificamente a missão de elaborar um “estudo de viabilidade técnicoeconómico de processamento de petróleo bruto angolano numa refinaria fora do país”. Angola é o maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia, mas a capacidade de refinação nacional é insuficiente, cingindo-se a actividade à refinaria de Luanda, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que consome.