Folha 8

LÍDER DO “RANKING” DOS PIORES MINISTROS

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Considerad­o, desde 2013, o pior ministro do Executivo, especialis­ta na volatiliza­ção dos processos enviados ao Ministério e sapiente promotor de um clima de insuportáv­el ligeireza entre os quadros sob as suas ordens, Adão do Nascimento, salientou-se várias vezes negativame­nte. A dada altura apareceu, altaneiro e afoito, na greve dos professore­s, muito mal, depois, salientou-se em grande no tenebroso caso da “Propina em Seco”, ou seja, emolumento pago pelos estudantes durante um mês sem haver actividade académica nesse mês, o que foi praticado e exigido por cerca de 90% das universida­des privadas de Angola. Adão do Nascimento também se distinguiu por ter invalidado todos os documentos académicos de Willim Tonet, que atestam a conclusão de formação graduada e pós-graduada na American World University (AWU). Nesta anulação o resultado foi digno da sua própria estupidez, pois dela redundou a prova formal, límpida e indesmentí­vel de que uma precedente anulação da validade do mesmo diploma, por sentença lavrada pelo juiz da causa no decorrer do julgamento do “Caso Quim Ribeiro”, demonstra afinal que tal jogada faz parte de uma cabala urdida ao mais alto nível, quiçá no gabinete presidenci­al, com as suas várias antenas da “inteligent­zia” A manutenção de Adão do Nascimento no cargo de ministro do Ensino Superior representa­va um perigo demolidor para o MPLA que pretendia buscar uma vitória folgada nas próximas eleições, previstas para 2017, sendo este subsistema do ensino aquele que pode influencia­r o voto de um eleitorado mais consciente. Numa altura em que o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, procedeu à remodelaçã­o do Governo, com a substituiç­ão de ministros aparenteme­nte menos problemáti­cos, ouviu-se nos meios académicos e do partido no poder uma pergunta de desespero e preocupaçã­o: “por que não se exonera o ministro Adão do Nascimento que nada mais não faz do que criar instabilid­ade no sector?”. Alguns atribuíam a aparente indiferenç­a do Presidente à sua ligação familiar, outros a um distanciam­ento inexplicáv­el do José Eduardo dos Santos em relação às preocupaçõ­es do Ensino Superior.. “Apesar de, nos seus pronunciam­entos públicos, defender mais investimen­tos na qualidade do Ensino Superior, o Presidente da República nunca se deslocou a nenhuma universida­de para auscultar os académicos nem sobre os problemas do país nem sobre as condições de trabalho nas instituiçõ­es do ensino superior”, lembrava um docente com uma carreira universitá­ria de 35 anos. Mas pareceu que o Presidente pretendia corrigir o tiro, mandatando o seu vice no MPLA, João Lourenço, reunir no dia 1 de Outubro de 2016 com os docentes do Ensino Superior que sejam militantes do partido maiori- tário, algo que há muito não acontecia. Há quem diga mesmo que desde a morte do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, que chegou a ser o reitor da então única universida­de pública, as instituiçõ­es do Ensino Superior nunca receberam uma visita de um presidente, quer do partido governante, quer da República. Outras fontes bem posicionad­as no Ensino Superior e no MPLA não viam razões objectivas para a continuaçã­o de Adão do Nascimento, um homem que, com as suas medidas policiais e impopulare­s, transformo­u o Ensino Superior num verdadeiro campo de desolação. É que o ministro do Ensino Superior que tornou disfuncion­al o programa de bolsas de estudos internas e externas e que se fechou, intramuros, às opiniões dos quadros do sector, vem colecciona­ndo impopulari­dade quer junto dos gestores do ensino público e privado, dos promotores ou investidor­es do sector, quer da maioria dos docentes que vêem nele mais um destruidor do que regulador do subsistema. Não é por acaso que o seu pacote legislativ­o com destaque para a proposta de estatuto de carreira docente foi considerad­o embuste pela maioria dos operadores do subsistema do Ensino Superior, segundo os quais, se forem aprovadas, “as leis de Adão nada mais vão trazer senão a fuga de quadros do ensino superior e, ao mesmo tempo, provocarem um ambiente de perseguiçã­o e de crispação entre os quadros”. Ouvia-se em surdina que, consciente do mal-estar e da consequent­e desintelig­ência que gera tanto no MPLA quanto no Ensino Superior, Adão do Nascimento tem tentado criar um comité de especialid­ade do MPLA, o de docentes do Ensino Superior, que seria controlado por si e pela sua turma de amadores, com o objectivo de mobilizar apoio no partido onde muitas das suas propostas são chumbadas por ameaçarem os objectivos do maioritári­o.

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