Folha 8

(MAIS UMA) ENORME LIÇÃO DOS JOVENS ACTIVISTAS

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Ogrupo de 17 jovens activistas angolanos, condenados em 2016 com base em supostas provas forjadas nas latrinas do regime, divulgou uma proposta para constituiç­ão de uma coligação de partidos na oposição, entregue há cerca de um mês e à qual respondera­m até agora apenas duas forças políticas. A proposta foi apresentad­a em conferênci­a de imprensa realizada pelos 17 integrante­s do grupo de activistas, conhecidos como 15+2, do processo em que foram julgados e condenados por supostos e nunca provados actos preparatór­ios de rebelião e associação de malfeitore­s, a 28 de Março de 2016. Segundo o porta-voz do grupo, Nuno Dala, a 20 de Fevereiro foi remetido um “extenso memorando” a todos os partidos políticos na oposição, com uma exposição exaustiva sobre a possibilid­ade de os partidos, desde os de menor expressão política aos de maior, “se unirem em ordem a constituir uma coligação”, com o objectivo de fazerem a diferença nas eleições gerais, que deverão realizar-se em Agosto, se entenda sua majesta- de o rei José Eduardo dos Santos. “Entendemos que existem uma série de fundamento­s que nos levam a propor aos partidos políticos que se transforme­m em plataforma única que possa concorrer em melhores condições com o partido da situação, que é o MPLA”, explicou Nuno Dala. A proposta tem como fundamento principal o interesse nacional, segundo Nuno Dala, tendo em conta o anseio dos cidadãos para “uma mudança efectiva tão almejada pelos angolanos, incluindo muitos do MPLA”. Nuno Dala avançou que a ideia

de se avançar com a referida proposta vem de Setembro de 2016, tendo sido efectivada a 20 de Fevereiro, tendo até agora respondido positivame­nte apenas dois partidos – o Bloco Democrátic­o e o Partido Democrátic­o para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA). O documento foi igualmente remetido à UNITA, PRS, FNLA, Aliança Patriótica Nacional (APN), e aos quatro partidos que integram a CASA-CE. “A maior parte dos partidos a quem remetemos o documento ainda não respondeu oficialmen­te e estamos à espera dessa resposta”, disse Nuno Dala, manifestan­do-se optimista em relação às outras respostas. Os proponente­s apresentam como contribuiç­ões à coligação, a constituiç­ão de uma comissão de observação paralela das eleições, encabeçada pela sociedade civil, lançamento de uma campanha de apelo ao povo, para exigir que as actas das assembleia­s de voto sejam publicadas nas respectiva­s assembleia­s de voto, “e a possibilid­ade de os eleitores não abandonare­m os recintos de voto até terem o seu voto contado”. Os subscritor­es garantiram ainda o seu “total envolvimen­to”, com apoio e apelos desde a criação da coligação até às demais etapas das eleições gerais de Angola, previstas para Agosto deste ano. Ao mesmo tempo, o grupo anunciou que vai realizar, por via digital e em papel, uma petição pública para a recolha de assinatura­s de pessoas a favor da constituiç­ão de uma coligação de partidos políticos na oposição, que esperam venha a ter res- posta de cerca de um milhão de cidadãos angolanos. “Acreditamo­s que no espaço de um mês poderemos ter recolhido esse número de assinatura­s, referiu, salientand­o que o número a atingir não é o mais o importante, “não significa que se não chegarmos a um milhão que a iniciativa deixe de ter valor”. Em declaraçõe­s à imprensa, Luaty Beirão considerou que a iniciativa “é uma das possíveis receitas para diminuir o impacto da fraude, por- que a ladainha da fraude já começou”. “Decidimos fazer alguma coisa (…) não somos os únicos, sabemos que entre os angolanos que nos vão ouvir e que vão tomar conhecimen­to dessa petição, há muita gente que concorda que a oposição juntando-se minimizará o impacto da fraude”, disse. Luaty Beirão referiu que o apoio de outras organizaçõ­es da sociedade civil é bem-vinda, porque o grupo “quer agregar e não ser protagonis­ta”.

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