Folha 8

ALGUÉM TEM POR Aí UM APITO?

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Eo habitual no quotidiano dos angolanos, mas aumenta sempre que há a possibilid­ade de eleições. Tendo na UNITA, desde sempre e por muito que disfarce, o inimigo de sempre e não o adversário­s político, o MPLA manda às malvas todos os acordos, até mesmo aquele que assinou e que trouxe, há 15 anos, a paz ao nosso país. Como muito bem recorda Isaías Samakuva, importa que publicamen­te se traga à colação os acordos assinados pela UNITA e pelo MPLA, em 1991, ao abrigo do qual os dois antigos contendore­s aceitaram desfazer os seus exércitos e constituír­am um exército único, as Forças Armadas Angolanas – FAA, e a nova Polícia Nacional. Também decidiram juntar os recursos que os dois movimentos/partidos controlava­m, virar a página do passado, unir o país e corrigir o que estava errado, naquilo que deveria ser o processo de reconcilia­ção nacional. ”Infelizmen­te, quando o MPLA viu que a UNITA já não tinha exército, resolveu não cumprir o que havia combinado. O MPLA não aceitou integrar grande parte dos soldados da UNITA, o MPLA não aceitou integrar todos os enfermeiro­s, os médicos, os professore­s e outros que exerciam funções, que de acordo com os acordos assinados, deveriam estar integrados nas áreas de sua especialid­ade”, precisou Isaías Samakuva, acusando o partido no poder desde 1975 de perseguir e prender muitos daqueles que se tinha comprometi­do a integrar. De acordo com o Presidente da UNITA, o governo do MPLA não respeita os direitos políticos dos cidadãos, não respeita o primado da Constituiç­ão e da Lei. De facto, o MPLA governa o país como se fosse sua propriedad­e privada. Os jovens só tem emprego se forem do MPLA. Os camponeses só recebem adubo se forem do MPLA, a justiça só funciona para o MPLA. O serviço público da rádio e televisão está ao serviço do MPLA. Servindo-se da ocasião do 51º aniversári­o da fundação do seu Partido, o Presidente Isaías Samakuva reiterou o seu compromiss­o irreversív­el e incondicio­nal com a paz e com a implantaçã­o de uma autêntica democracia em Angola. Falta saber quando é que isso irá acontecer, tal como falta saber se – nessa altura – a UNITA ainda existirá. “É com orgulho que afirmo que a UNITA, desde o fim da guerra armada, jamais deixou de honrar esse sagrado compromiss­o com a nação angolana. A UNITA correspond­eu às expectativ­as dos angolanos e deu provas inequívoca­s, ao longo desses 15 anos, da sua capacidade de virar a página do passado, para viver entre irmãos e de agir decididame­nte como uma força política comprometi­da com a construção da paz”, afirmou Samakuva. É verdade. Os angolanos sabem que é verdade. Mas também sabem que nos últimos 15 anos a UNITA tem sido o bombo da festa, sendo ultrajada, defraudada, vilipendia­da e excluída. O líder da UNITA também afirma que está a “engolir muitos sapos” para preservar a paz no país, face às constantes provocaçõe­s. “E nós notamos com insistênci­a que há um discurso que dá a impressão que as pessoas têm saudades do conflito, da guerra, querem voltar à guerra”, disse em tempos recentes Isaías Samakuva, sem citar nomes. Considera ele, sem querer fugir às responsabi­lidades ou culpas, que diante de “um balanço justo verão que a UNITA até tem estado a engolir muitos sapos”. “Temos sofrido provocaçõe­s, humilhaçõe­s e é a responsabi­lidade da manutenção da paz que nos faz calar e nos faz engolir esses sapos”, afirmou, salientand­o que os discursos da principal força política da oposição angolana têm sido de apelo ao diálogo, à justiça e a manutenção da paz. Samakuva assume que tem sido várias vezes criticado por não agir em muitos casos, preferindo ficar calado e engolir os ditos sapos. “Eu estou a ter receio quanto a isso, é que a situação tende a evoluir para um ponto em que nós que estamos a tentar fazer uma contenção enorme, podemos ser ultrapassa­dos por aqueles que acham que nós somos moles e que não estamos a fazer nada e um dia aparece um aventureir­o aí e depois tem seguidores e a situação fica muito complicada”, alertou. O presidente da UNITA considerou que a sociedade civil angolana deve conquistar e ocupar o seu próprio espaço, para ser digna de se afirmar como parceiro institucio­nal do Estado, na garantia dos direitos humanos e em especial dos direitos económicos e sociais dos angolanos. Samakuva defende também que a sociedade civil deve mesmo inventar novos estudos, projectos e campos de intervençã­o social para a afirmação da cidadania económica, social e cultural angolana.

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