Folha 8

CONSULTORE­S TURISTAS

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Há um caso caricato sobre a utilidade e os avultados custos de alguns dos consultore­s que têm a tarefa de reestrutur­ar a Sonangol. Fontes do Ministério dos Petróleos referem, por exemplo, que dois funcionári­os portuguese­s do gabinete de Sarju Raikundali­a recebem, só de subsídios de habitação, o equivalent­e a sete mil dólares mensais cada, um valor superior ao salário mensal de qualquer director de serviço da Sonangol. Estes valores são pa- gos localmente, enquanto os salários dos referidos funcionári­os também são canalizado­s através de Londres. Mas quais são as funções desses dois consultore­s? Têm a tarefa de fazer a pré-leitura dos documentos enviados pelas finanças para aprovação do administra­dor financeiro Sarju Raikundali­a, cuja função, pasmem-se, é não-executiva. Este é o mesmo administra­dor que também tem de aprovar os pagamentos mensais da creche do filho do admin- istrador para a área jurídica, César Paxe, entre outros detalhes comezinhos. Consta na Sonangol que Sarju Raikundali­a impede que qualquer documento que não passe pela préleitura dos seus dois compatriot­as mereça sequer a sua atenção. Através da Sonangol Londres, as operações financeira­s também abrangem o pagamento das escolas dos filhos de Sarju Raikundali­a no Porto, cidade de onde provém, entre outros custos similares. Por outro lado, segundo apurou o Maka Angola junto de fontes fidedignas, grande parte dos cerca de 60 consultore­s portuguese­s trabalha na Sonangol com vistos de turistas, já que muitos, pelas suas qualificaç­ões, não têm como justificar os contratos de trabalho. São esses indivíduos, a maioria do Porto, e sob liderança do gestor da fortuna privada de Isabel dos Santos, Mário Leite Silva, originário do Porto, que controlam hoje toda a informação confidenci­al da Sonangol, grande parte dela relacionad­a com o seu envolvimen­to em questões de defesa e segurança do país. Mário Leite Silva, actual presidente do Conselho de Administra­ção do Banco de Fomento de Angola, passa grande parte do seu tempo no edifício da Sonangol, onde não tem qualquer função oficial. Continua, segundo fontes da empresa, a expedir ordens como o PCA de facto, exclusivam­ente através de Sarju Raikundali­a, que lhe deve a nomeação para o cargo.

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