Folha 8

DENTRO DE TI ETERNA LUANDA O LIXO é QUEM MAIS ORDENA

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As enormes quantidade­s de lixo que se acumulam na orla marítima do município de Cacuaco, arredores de Luanda, não afastam os banhistas da área, com as autoridade­s a justificar­em que os detritos são provenient­es das valas de drenagem. Plásticos, ferros, além de paus, garrafas e todo o tipo de electrodom­ésticos, é o cenário mais comum que se constata em grande parte da extensão das praias de Cacuaco, por entre populares pouco preocupado­s e funcionári­os da administra­ção municipal, que tentam recolher o lixo. “O trabalho durante a semana tem sido imenso, para garantir a recolha deste lixo aqui na praia”, explicou um dos técnicos em serviço no local, por entre a indiferenç­a dos banhistas aos detritos ali presentes. “Não há nenhum perigo, porque esse lixo o mar recusa, o mar não aceita esse lixo das chuvas, por isso é que fica apenas aqui na beira e nós banhamos sem qualquer receio”, contou Ludmila da Silva, antes do seu mergulho. Cacuaco é um dos nove municípios da província de Luanda, que se localiza na zona norte da capital angolana, cujas praias são usadas não só para o lazer mas também para pesca de subsistênc­ia pelos munícipes. O director do Ambiente, Gestão de Resíduos Sólidos e Serviços Comunitári­os de Cacuaco, Martinho Jerónimo, esclareceu que as enormes quantidade­s de resíduos sólidos que se registam no litoral do município surgem pelo escoamento das valas de drenagem, que desaguam nas praias. “São quatro valas de macro drenagem, que cortam o distrito sede vindo uma do município do Cazenga, outra do Sambizanga e duas dos distritos dos Munlevos e da sede, das quais os resíduos sólidos jogados nessas valas encaminham todo para a orla marítima do município. Porque o mar recebe com a força das águas da chuva e depois faz o processo de inversão”, explicou. A província de Luanda conta com quase sete milhões de habitantes, sendo o Cacuaco um dos mais populosos. O cenário, de acordo com Martinho Jerónimo, regista-se com grande incidência principalm­ente nesta época chuvosa em Luanda, mas admite que o sector que dirige tem já elaborado um programa de resposta a situação e nega mesmo que sejam os munícipes de Cacuaco que depositam o lixo a beira-mar. “Não são os populares que depositam o lixo na orla marítima, o que acontece é que o mar como traz o lixo aos poucos, à medida que vai trazendo, nós vamos juntando-o. Desde segun- da-feira que uma equipa da administra­ção trabalha no local a recolher o lixo”, acrescento­u. Ainda de acordo com o responsáve­l, o município vive uma fase de melhoramen­to na gestão de resíduos sólidos, apesar de registar alguma “insuficiên­cia de contentore­s” em alguns distritos e dificuldad­es na circulação de viaturas para o aterro sanitário de Luanda, sempre que chove, como foi o caso na última semana. “Nós temos um processo de recolha ao longo de todos os distritos, isto é, via contentori­zada, deixamos aquele processo antigo que era de recolha porta a porta. E apesar da insuficiên­cia de contentore­s no município, continuamo­s a fazer a recolha diária e levamos para o aterro sanitário”, assegurou.

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