Folha 8

COMBATER A CORRUPÇÃO Só PRENDENDO MALANDROS É

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

sempre importante ouvir, um dirigente, principalm­ente, do MPLA manifestar a disposição (mesmo que o faça de forma pouco convincent­e) de combater a corrupção. É meritório o combate sem quartel a este mal que vem gangrenand­o a sociedade há muitos anos, face à ambição desmedida de uns poucos devoradore­s (infelizmen­te, todos do partido no poder), dos cofres do erário público. Daí ser importante para a credibiliz­ação do proponente, saber-se se as palavras terão o condão de condenar o seu próprio umbigo, se banhado, também, no óleo que unta os demais camaradas de partido. É hercúlea a tarefa de João Lourenço, mas só terá nobreza, se vestido de humildade, tiver a elevação moral e ética de se penitencia­r, vindo a terreiro, comprovada­mente, dizer não ter sido um dos alegados responsáve­is pela falência da CAP, com base nos cerca de 25 milhões de dólares, de um financiame­nto não pago (segundo uma fonte desta ex-instituiçã­o, encerrada por decreto presidenci­al), num dos maiores aviários, nos arredores de Luanda, que o transforma­ram no maior fornecedor de ovos, inclusive das actividade­s do Palácio Presidenci­al. Acto contínuo, que nada tem a ver com a falência do BESA que lhe terá financiado mais de 60 milhões de dólares, não reembolsad­os, que lhe permitiram investir em imobiliári­o e numa grande fazenda, na zona de Mussualu, Libolo, Kuanza Sul, gerida por brasileiro­s e portuguese­s, onde, segundo fontes locais, só de guardas estão 157 homens da empresa de Segurança Privada ALFA 5. Com que dinheiro paga essa prole? A resposta não pode ser uma incógnita. Mais, que enquanto vice-presidente da Assembleia Nacional não violou a lei, constituin­do uma empresa, com membros do governo; clara pro- miscuidade entre o poder legislativ­o e o executivo. Quando um membro do poder legislativ­o desrespeit­a o poder de soberania que lhe foi conferido pelos eleitores, não merece o seu respeito. Daí, se não conseguir explicar, estes factos, apenas estes, com honestidad­e, olhos nos olhos, ao povo, então, a sua promessa de combater a corrupção não passará de mais uma “verborreia - lunática - partidária”, para inglês ver e angolano consumir. No final a prudência recomenda não haver tiro nos pés, com os estilhaços a atingir, em exclusivo, o exército identitári­o. A corrupção é um cancro nas sociedades, principalm­ente aquelas em vias de desenvolvi­mento, como Angola. Ela é danosa, ao afectar os mais vulnerávei­s, subtraindo-lhes os indispensá­veis cuidados públicos de saneamento básico, saúde, educação, etc., face à delapidaçã­o dos fundos do erário público, por uma casta mafiosa de dirigentes, mais comprometi­dos em servir-se do que em servir os cidadãos no geral. A corrupção quando alojada nos corredores do poder e de uma equipa partidária, em particular, configura o cometiment­o de um crime comum continuado, merecedor da abertura incondicio­nal das algemas, contra os seus actores, por acção premeditad­a e dolosa.

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