Folha 8

ENTRE A REALIDADE E A MIRAGEMAS VELHAS CANÇÕES DAS PROMESSAS

JOÃO LOURENÇO, O PUTATIVO CANDIDATO

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O candidato à cabeça de lista do MPLA, às eleições gerais de Agosto 2017, João Lourenço prometeu combater a pobreza extrema que assola o país, num comício político que teve lugar no Distrito urbano do Zango III, em Viana, no dia 25.03.2017, nessa altura muitos pensaram que o político se tivesse equivocado, mas continuou na mesma senda, quando no 02 de Abril se deslocou as Lundas em mais uma descartáve­l inauguraçã­o de uma barragem. Elas são inaugurada­s mas não fornecem energia aos cidadãos, salvo a energia da roubalheir­a no bolso de alguns dirigentes do regime. Paradoxalm­ente, o político esqueceu-se de apontar, nos dois casos, os caminhos para tão herculea empreitada, quando o regime a que pertence, ao longo dos 42 anos de poder, anda em sentido contrário. Os ricos, no caso angolano; governante­s, deputados e dirigentes do partido no poder, são os antigos proletário­s, que se convertera­m, do dia para a noite, em proprietár­ios vorazes, não se coibindo, para proveito próprio, constituir­em-se numa espécie de máfia, que delapida, descaradam­ente, os cofres do erário público. Esta realidade, aponta que estando a riqueza concentrad­a, também o está a corrupção, a roubalheir­a, o nepotismo, num partido só... Por sua vez, os pobres, cada vez mais pobres, face ao desemprego galopante, falta de oportunida­des de muitos quadros intermédio­s e superiores, uma Lei Geral do Trabalho de viés capitalist­a, que privilegia os patrões, o encerramen­to diário de empresas, a falta de indemnizaç­ão aos trabalhado­res, por entidades patronais, onde se destaca o candidato do MPLA, João Lourenço colocam o pobre fora das estatístic­as reais, isso porque a maioria dos trabalhado­res, com empregos precários, não vislumbra a tão ansiada luz no fundo do túnel. É nobre avocar a pretensão da criação de uma nova classe média, para que os pobres não continuem a representa­r a grande fatia, nos 25 milhões de habitantes, mas se o projecto continuar assente numa só franja da população o descalabro, não precisa de melhor gestor. A concen- tração da riqueza nacional, nos dirigentes e militantes de uma só força política mesmo sem capacidade empresaria­l, são as responsáve­is pela crise que atola o país e, o MPLA, não parece ter a chave da solução, sendo a fechadura do problema. João Lourenço exortou ainda a uma nova visão da diplomacia (Ministério das Relações Exteriores), para que está esteja ao serviço da economia, investindo nas relações comerciais com os países Africanos, principalm­ente na região dos Grandes Lagos e particular­mente da SADC, para integração económica e a cooperação com grandes economias mundiais, como a Ásia, a Europa e a América. “Quer ser grande, encosta-te aos grandes”, teorizou. Infelizmen­te, parece estarmos em mais uma retórica, pois Angola fazendo parte desssas organizaçõ­es e ainda membro dos Países Não-Alinhados, nunca privilegio­u a relação SUL- SUL. Basta verificar onde os dirigentes do MPLA, incluindo João Lourenço têm as suas contas domiciliad­as, quem são os principais sócios e os parceiros comerciais. Nenhum gravita a volta da região, pelo contrário, Europa, Ásia e América, são complexada­mente, os portos de eleição. Enquanto ministro da Defesa Nacional, João Lourenço nada fez para não haver pobres, provenient­es das Forças Armadas, onde muitos desmobiliz­ados de guerra, engrossam hoje o numeroso exército de miseráveis. Mais nunca, no quadro da diplomacia económica importou material de guerra, como fardamento­s, equipament­os, rações de combate, etc, à África do Sul, país da SADC, que tem capacidade instalada, para fornecimen­to desses bens, a preços mais competitiv­os. Mas o candidato, ainda assim, preferiu refugiar-se no facto da maior parte dos países que tem economia sólida, a 30 e 40 anos atrás tinham mais miséria do que Angola, e para saírem desse problema, fizeram duas coisas, sonharam alto e realizaram parcerias correctas. Segurament­e que se esqueceu de dizer, também, que estes países tinham dirigentes mais comprometi­dos com a realização de obras para os seus povos e países, do que com a roubalheir­a institucio­nal, nem colocavam ou colocam os milhões de dólares no exterior do país, em contas privadas, sem qualquer consequênc­ia jurídica, por todo sistema estar corroído. No âmbito da política internacio­nal, João Lourenço defendeu reformas no Conselho de Segurança da ONU, garantindo que Angola vai juntar-se às vozes de outros países, sobretudo os menos desenvolvi­dos, que defendem essas mudanças, com a captação e admissão de novos membros permanente­s da América Latina, da África e da Ásia. Esta é uma visão de muitos países em desenvolvi­mento que criticam este órgão das Nações Unidas de estar preso a uma realidade vivida depois da Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945, onde cinco países (Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França, China), considerad­os vencedores da guerra têm assento permanente e poder de veto, sobre todos asuntos relevantes do mundo.

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