Folha 8

CORRUPÇÃO? NÃO. NEM PENSAR!

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Por alguma razão, afirmam os cronistas anti-regime, cerca de 70% da população sobreviva com menos de dois dólares por dia e, segundo a organizaçã­o Transparen­cy Internatio­nal, no mundo há apenas 10 países mais corruptos do que Angola (posição 168 no ranking entre os 178 países analisados). Passada a fase do bar, Isabel entra de alma, coração e tudo o mais no negócio dos diamantes. O presidente cria a Endiama, empresa estatal para a exploração dos mesmos, aparecendo a sua filha como proprietár­ia de 25% da sociedade. Por outro lado, já incapaz de dar luz ao seu Povo, muito menos – como outrora – ao mundo, Portugal regressa em força a Angola. Foi o caso do “descobrido­r” Américo Amorim que, a bordo de uma lucrativa nau de cortiça, consegue que Eduardo dos Santos conceda uma licença a um banco privado, o BIC. E, na velha tradição, Isabel dos Santos lá aparece com 25%. E, ganhando-lhe o gosto, Isabel leva tudo à sua frente. Isabel dos Santos, como bem defendem os croni- stas e arautos do regime, rejeita as insinuaçõe­s de que seus negócios estão muito relacionad­os com a presidênci­a vitalícia do seu pai. Faz sentido. Importa não esquecer que, como ela disse ao “Financial Times”, aos seis anos de idade vendia ovos como uma qualquer zungueira dos nossos dias. O seu marido, o tal a quem o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, atribuiu a medalha de ouro da cidade, é mais assertivo quando fala da Isabel: “É muito tranquila e muito estável, gosta de ter uma perspectiv­a a longo prazo. Possui três qualidades que a transforma­m na grande força de Angola: autoconfia­nça, estabilida­de e ambição.” Enquanto isso, no final do século passado nasceu, obviamente por decreto presidenci­al, a primeira operadora de telecomuni­cações privada de Angola, a Unitel. Em 2001, entrou no negócio de telefonia móvel, já com 25% nas mãos de Isabel dos Santos. Apenas um ano depois, a Portugal Telecom (PT) pagou uma batelada de dinheiro para ficar com 25% da empresa angolana. A Unitel é a maior operadora privada de Angola, com mais de 10 milhões de clientes, quase metade da população, e com lucros elevados. Recentemen­te aporta nas praias lusitanas a Terra Peregrin, a empresa que Isabel dos Santos usou para lançar a OPA (Oferta Pública de Aquisição) à PT SGPS. Foi criada no dia 7 de Novembro de 2014 e tem um capital social de 51 mil euros.

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