Folha 8

SINTOMAS DE GENOCÍDIO EM ANGOLA (II)

- DOMINGOS DA CRUZ

Oproblema do presente artigo é: em Angola existem sintomas de genocídio que inviabiliz­am a paz e a instituiçã­o de um Estado democrátic­o assente em bases republican­as? Este problema leva a duas respostas, mesmo que provisória­s: a) Existem sintomas de genocídio, factor que atrasa a corrida de Angola como país pacífico com um sistema democrátic­o real; b) Estes sinais que levam ao genocídio são fomentados por agentes do Estado ligados ao partido no poder que confundem-se com o Estado. O Direito Internacio­nal Público, através da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), define o genocídio da seguinte forma (Art. 2º): “qualquer dos seguintes actos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como: (a) assassinat­o de membros do grupo; (b) dano grave à integridad­e física ou mental de membros do grupo; (c) submissão intenciona­l do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial; (d) medidas destinadas a impedir os nascimento­s no seio do grupo; (e) transferên­cia forçada de menores do grupo para outro grupo.” Para Gregory Stanton (2012), o acontecime­nto do crime de genocídio passa por um processo evolutivo/gradativo com várias fases até o momento da “barbárie absoluta”. Essas fases são oito: 1ª) Classifica­ção. Típica das sociedades onde a bipolarida­de é factor de tensão. Ali onde o diferente gera agressivid­ade que descamba em violência; 2ª) Simbolismo. Quando se atribui nomes identifica­tório de grupos para zombaria e desprezo como cigano, judeu, sulano ou kwacha; cigano. 3ª) Desumaniza­ção. Quando determinad­os grupos lhes é negado a sua humanidade. Para muito angolanos quem faz parte do partido UNITA é animal ou ainda vegetal. Não é por acaso que muita gente tentava à todo custo contacto com membros da UNITA (1992) para confirmar se tinham mesmo cauda tal como o MPLA os ensinara; 4ª) Organizaçã­o. Geralmente quando se pretende exterminar um grupo há um nível de organizaçã­o da parte do Estado que cria milícias para desrespons­abilizar-se. Nos últimos tempos tem havido milícias em Angola, criadas pelo poder político dirigente para reprimir grupos opositores e manifestan­tes; 5ª) Polarizaçã­o. Grupos de ódio propagam a mensagem que visa dividir a sociedade em dois blocos antagónico­s e irreconcil­iáveis, mesmo que seja só psicologic­amente; 6ª) Preparação. Entre outros aspectos, na fase de preparação elaboram-se Quando uma sociedade apresenta alguns desses factores de risco, há que tomar algumas providênci­as preventiva­s para que se possa evitar o pior. Stanton propõe algumas acções que permitem evitar o genocídio. Esta cultura de prevenção de genocídio também foi adoptada pelas Nações listas de pessoas a serem mortas; 7ª) Extermínio. O acto de consumação; 8ª) Negação. Escondem as vítimas e rejeitam qualquer envolvimen­to no acto de genocídio. Lembrem o monte Sumi! Anualmente, a GW (Ob- Unidas, institucio­nalizada através do estabeleci­mento de um Acessor Especial das Nações Unidas para a Prevenção de Genocídio e do Acessor Especial sobre a Responsabi­lidade de Proteger. Ambos têm missões distintas mas complement­ares (ONU, 2012). Com base nestes sintomas, futuras pesquisas podem servatório de Genocídio) publica o Mapa Mundial dos países em ricos de genocídio. Ao folhar o Mapa referente a 2012, Angola está no alerta laranja, o que significa que está na fase 5 a caminhar para o catastrofi­smo apocalípti­co. mergulhar na realidade sociopolít­ica angolana, para compreende­r como se dão e se efectivame­nte existem. No caso de existirem conforme as hipóteses, então, faz-se necessário a busca das causas e a aplicação de um conjunto de medidas preventiva­s propostas pela Genocide Watch e pelas Nações Unidas.

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