Folha 8

OS MAIS RICOS FRUTOS DA DIPANDA

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No ano de 1975, o da Dipanda, Agostinho Neto era um bolso roto, uma mão à frente e outra atrás, investidor­es negros nem em sonhos havia. Em Novembro de 1979, quando o “poeta maior e guia imortal” veio a falecer por obra e graça não se sabem bem de que “Divindade”, se pagã ou cristã, o também estadista, de craveira mundial mas contestado no seu país de origem, continuava a ser um bolso roto. Agora uma mão à frente e a outra também, deitado no seu último leito de glória, um caixão de boa madeira. Honra, diga-se, lhe é devida por não ter tomado o poder por instrument­o de enriquecim­ento pessoal. Porém, depois de ele ter desapareci­do do mapa dos seres vivos, quantos suspiros de prazer e urras de alegria não foram dados em festejos, às portas que se abriam, escancarad­as, à ganância e à acção predadora organizada de saque aos bens materiais do Estado angolano. É que Neto, com todos os defeitos que tinha, como qualquer outro ser humano por mais prestigios­o que seja, foi um exemplo de apego ao que ele pensava ser o bem da Nação sem nenhuma referência, nunca em tempo algum, ao bem-estar da sua pessoa. Assim, se podemos dizer que entre 1975 e 1980 algumas riquezas entre homens mais astutos e oportunist­as apareceram em Angola, entre 1980 e 1992 outras tantas desabrocha­ram, praticamen­te todas elas em ilícitas campanhas de comércio , indústria e guerra. Porém, a partir das eleições realizadas em 1992, o aparecimen­to de novos ricos cresceu a um ritmo exponencia­l. Hoje são perto de 4.000, os milionário­s que vieram do nada e continuam a ser pobres, do ponto de vista moral, ético e intelectua­l.

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