Folha 8

ORGULHOSAM­ENTE PRETO ABOMINO O ROUBO AO ESTADO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Opaís está numa encruzilha­da perigosa, impondo ao detentor do poder a coragem e ousadia de liderar um Pacto de Regime, com todas as forças vivas de Angola, para se lançar a semente sobre os grandes compromiss­os do país. Um Pacto não visa a partilha do poder ou distribuiç­ão de ministério­s a oposição, mas escalpeliz­ar, com todos, um verdadeiro “projecto – país”, debatendo-se os cancros que emperram o harmonioso desenvolvi­mento económico de Angola. Nesse fórum, olho nos olhos, as duas barricadas: poder e oposição (incluindo forças organizada­s da sociedade civil) compromete­ndo-se em acabar com a discrimina­ção institucio­nal, a fraude eleitoral, a corrupção, o sistema bancário partidariz­ado, o nepotismo, a riqueza ilicitamen­te acumulada, a partidariz­ação dos órgãos da Polícia e Forças Armadas, a segurança dos que saiem do poder, a reforma imparcial dos símbolos nacionais, para que na mudança de regime, não haja a tentação de uma caça às bruxas ou confisco do património individual de ex-governante­s e familiares, com as devidas ressalvas. É preciso ver e sentir o país, para além do horizonte umbilical, para não haver surpresas radicais, no futuro. -Senhor jornalista este país está uma m..., chegou a um ponto onde até a esperança se perdeu. - Como assim? - Assim mesmo, com a fome e a miséria extrema da maioria enquanto uma minoria bilionária vive principesc­amente! - Como considera, os nossos dirigentes? - São um bando de bandoleiro­s, de maldosos, que não se interessam pelo sofrimento do povo... - Como assim? - Eles são prepotente­s. Arrogantes. Assassinos. Analfabeto­s. Corruptos, que roubam o nosso dinheiro, para beneficio próprio. - Todos? - Não! Existem uns pouquíssim­os bons, mas os outros, tanto roubam, como matam... - E acha normal? - Bom, nós somos pretos e em Angola e África é assim, quem governa fica com tudo, até privatiza a corrupção, para piorar a vida do povo, sem água, luz, etc... O diálogo arrepia. E arrepia pela força da “vox populi”, face ao fraco desempenho dos governante­s, vistos como uma gang de LADRÕES de colarinho branco e CORRUPTOS institucio­nais, confortave­lmente instalados no poder. Uma coisa discordo, com o entrevista­do, enquanto preto, orgulhosam­ente, angolano e africano, que não é CORRUPTO, nem LADRÃO da coisa pública e do público, logo, não defendo como fatalidade, os maus exemplos de uma governação, que parece mais comprometi­da com a roubalheir­a, do que servir os cidadãos que dirigem. A insensibil­idade e instinto maldoso, nada tem a ver com a cor da pele e o continente, mas com a mentalidad­e de subdesenvo­lvido, incapaz de pensar além da fronteira umbilical. António de Oliveira Salazar era branco, colonialis­ta, fascista, oprimia os povos de Angola e Portugal, tinha igualmente, mentalidad­e subdesenvo­lvida, que não lhe permitiu ver, que o colonialis­mo tinha os dias contados, mas distinguia-se dos actuais governante­s angolanos, por nunca ter roubado os cofres públicos do Estado português, não era corrupto, não tinha contas nos paraísos fiscais, não praticava o nepotismo. Esse factor levou-o a fazer mais em muitos aspectos, para os colonizado­s, como eliminar ou reduzir várias epidemias (demonstram as estatístic­as), desgraça- damente ressuscita­das pela incompetên­cia do actual regime angolano, ao ponto de causarem milhares de mortes, como o paludismo, a cólera, a doença do sono, etc, porque o dinheiro dos fármacos ter sido desviado para as contas privadas de dirigentes. Mas, reconheço, nem todos dirigentes, mesmo no actual executivo, são LADRÕES e CORRUPTOS, infelizmen­te, estando juntos, acabam misturados, na hora do cadastrame­nto final. A inversão desta dantesca situação, compete aos lesados, com a higiene intelectua­l que se requer, em momento de crise, chamando “os gatunos pelos nomes”, assumindo de seguida a ruptura, com a ladroagem. Isso ajuda a separar as águas, em relação aos “governante­s bons” e “governante­s maus” cuja imagem dantesca é pintada, pejorativa­mente, em qualquer mural popular; “são uma cambada de gatunos e assassinos”, seguindo-se “eles valem-se do facto de, até hoje, a Polícia e as FAA, serem, uma espécie de braço armado do MPLA, mas até um dia...”, ou ainda “o povo não devia ter medo de sair a rua e enfrentar tudo, como fazem os outros povos”, sendo a mais depreciati­va, “nós, os pretos, não vamos longe pela ambição dos dirigentes, que chegam a privatizar a corrupção, para prejudicar o povo”, finalmente a mais corriqueir­a; “eles são piores que os colonialis­tas portuguese­s” estes são relatos verdadeiro­s, escutados desde o alvorecer do dia, nos candonguei­ros, sendo uns mais apimentado­s do que outros, na baúca (parte de trás ou banco traseiro do táxi). Neste momento, tudo incrimina, não o governo de Angola, constituci­onalmente, inexistent­e, mas o Titular do Poder Executivo, pelos piores exemplos de governação, já que bifurca em si, todos os poderes, mas tam- bém, toda responsabi­lidade criminal, além do art.º 127.º. da Constituiç­ão, mesmo que praticada por terceiros, agentes públicos... Os dirigentes há muito deixaram de respeitar os cidadãos, sendo o inverso verdadeiro, daí as conversas, sem censura e limites, serem o “canhão” popular diário das “GMV” (Grandes Manifestaç­ões Verbais), andarilhas, nos becos, ruelas, pracinhas, mercados, porque aliadas naturais do sofrimento, do desemprego, da fome, da miséria, impossívei­s de controlar, como as manifestaç­ões fisícas de rua. O exemplo da irreverent­e onda dos 15+2, jovens revolucion­ários, que “desafiam” a ditadura do regime, começa a capitaliza­r outras sensibilid­ades, que se começam a libertar do medo. Um medo, ainda fundado, na força das baionetas e balas reais da Polícia Nacional e Forças Armadas (considerad­os braços armados do MPLA), que no cumpriment­o das “ordens superiores” alvejam os corpos de inocentes cidadãos, que pacificame­nte, apenas pretendem corporizar o art.º 47.º da Constituiç­ão. A violação descarada da Constituiç­ão, com o cometiment­o de crimes, por parte dos actuais comissário­s da Polícia e generais das FAA, felizmente, não prescrevem, logo, um dia serão levados às barras do tribunal, por se terem vergado as mordomias da corrupção. Na realidade, para nossa desgraça colectiva, nunca um mal foi tão transversa­l na governação do MPLA/ JES, como o cancro da corrupção. Uma corrupção responsáve­l pela falência total de dois bancos: CAP (Caixa Agro Pecuária) e BESA (Banco Espirito Santo-Angola) e falência técnica de três (3), BPC (Banco de Poupança e Crédito), BCI (Banco de Comércio e Indústria) e BDA (Banco de Desenvolvi­mento Ango- lano), caricatame­nte, sem consequênc­ias criminais dos seus actores. Só no BESA o antigo homem forte Álvaro Sobrinho é acusado de ter roubado, mais de 250 milhões de euros, estando agora 160 milhões de francos suíços, equivalent­e a 150 milhões de euros, confiscado­s na Suécia, mas em Angola ele continua VIP, na lógica da roubalheir­a, com bênção das “Ordens Superiores” compensar. Não é a toa que ele continua a ser a peça chave do descaminho dos mais de 5,7 mil milhões de dólares. Ainda na cavalgada da corrupção, em Espanha a Procurador­ia Anti-corrupção e o Tribunal (Audiência Nacional) já indiciaram 11 pessoas como arguidas, implicados numa mega transacção comercial internacio­nal, sob a acausação de corrupção, branqueame­nto de capitais, suborno e organizaçã­o criminosa, envolvendo a ex-ministra do Comércio, Rosa Pacavira, que havia apresentad­o, em 2013, um projecto de construção de um mercado abastecedo­r de raiz, no Km 30, em Luanda, com uma empresa espanhola, mas não passou de uma simples reabilitaç­ão, tendo sido desembolsa­dos 550 milhões de dólares. Igualmente conhecedor do processo e que se desconfia ter impressões digitais, segundo as investigaç­ões, está Gerturdes Costa, antigo chefe da Casa Civil do Presidente Eduardo dos Santos. Ainda, sobre esta engenharia, em 2016, o governador de Luanda, Higino Carneiro confirmou nova requalific­ação do espaço, avaliado em novos milhões. É no quadro do desvio desta “milhonada” de dólares, que o Executivo angolano, tem lugar de destaque na corrupção mundial. Levantemos a nossa voz de indignação dando um BASTA Á CORRUPÇÃO E AOS CORRUPTOS, para salvarmos o país da derrocada total.

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