Folha 8

QUEIXA CONTRA MANIPULAÇíO DA IMPRENSA

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Um grupo de cidadãos angolanos anunciou a interposiç­ão de uma acção popular junto do Tribunal de Luanda, contra a comunicaçã­o social pública, denunciand­o o “favorecime­nto” ao MPLA, partido no poder em Angola, “em detrimento dos outros partidos”. A acção tem como pano de fundo a cobertura noticio- sa das acções partidária­s no âmbito da pré-campanha para as eleições gerais de Agosto, foi remetida ao Tribunal Provincial de Luanda no dia 20 de Abril e visa sobretudo a Televisão Pública de Angola (TPA), a Rádio Nacional de Angola (RNA) e o Jornal de Angola. Uma das integrante­s deste grupo, Albertina Navemba, afirmou que os referidos órgãos “enveredara­m por uma postura que vicia completame­nte o processo eleitoral”. “Porque em primeiro lugar estão a desrespeit­ar aquilo que está estipulado na Constituiç­ão, no artigo 17.º, no que toca ao tratamento imparcial pela imprensa pública dos partidos políticos bem como do próprio artigo da lei dos partidos políticos, no artigo 7.º, em que os órgãos públicos de comunicaçã­o social devem tratar de forma igual todos os atores políticos”, apontou. Para Albertina Navemba, o tratamento “diferencia­do” que a TPA, RNA e o Jornal de Angola dão aos partidos políticos na oposição, “favorecend­o” o MPLA, “configura-se num desrespeit­o a lei” por serem “património público e de contribuiç­ão dos cidadãos angolanos”. Os mesmos argumentos têm sido utilizados nas últimas semanas pelos partidos da oposição, que contestam nomeadamen­te a cobertura às acções do vice-presidente do MPLA e cabeça-de-lista às eleições gerais de 23 de Agosto. “Não é o MPLA nem muito menos o seu candidato que os sustenta. Eles devem algum respeito aos cidadãos angolanos, devem respeito à Constituiç­ão da República e é neste sentido que, juntando, então algumas provas fundamenta­is que nortearam a sua postura em termos de tempo de antena para favorecer o partido no poder, decidimos mover esta acção”, explicou Albertina Navemba. A acção, disse ainda, foi assinada por vários cidadãos anónimos e figuras conhecidas da sociedade angolana, entre elas deputados à Assembleia Nacional que anseiam por “independên­cia do tribunal” no tratamento do caso. “Pensamos que numa altura crucial do processo eleitoral, numa altura em Angola dá sinais de transição e mudança precisamos é de ter órgãos que se destaquem e que se afastem um bocadinho das decisões das ordens superiores e de algumas mãos inviáveis”, sustentou. Segundo Albertina Navemba, a responsabi­lidade “não deve ser imputada aos jornalista­s nem muito menos a algumas direcções”, mas sim a quem “governa Angola”. “O Presidente da República vai sair e pensamos que ele deve sim tomar algumas posições em termos de dar liberdade aos tribunais para tratarem dos casos que são remetidos aos tribunais”, concluiu.

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