Folha 8

MINISTRA ACUSADA DE CORRUPÇÃO

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A ex - ministra do Comércio Rosa Pacavira é uma das principais suspeitas de envolvimen­to num dos maiores escândalos de corrupção e branqueame­nto de capitais no Reino de Espanha, relativo a sobrefactu­ração num contrato para a construção de um Centro Logístico, nos arredores de Luanda, para acondicion­ar os produtos vindos das outras províncias, para abastecer o Papagro, Nosso Centro, etc, avaliado em cerca de 553 milhões de dólares e que nem foi implementa­do em 50%. Nesta hora fica difícil aferir se haverá ou não o envolvimen­to da exgovernan­te angolana, na engenharia em que terá abocanhado em comissões o montante de 15 milhões de dólares, pois a relação distante com os cidadãos e a não prestação de contas diante do poder legislativ­o (Assembleia Nacional), pode constituir por si só um dado incriminad­or. Diante destes factos a justiça espanhola constituiu como arguido, um dos ponta de lança, para não variar, o luso-angolano Guilherme Taveira Pinto como figura central no caso de corrupção que investiga a sobrefactu­ração na obra de construção do mercado abastecedo­r de Luanda, nos arredores do Km 30. F8 contactou uma fon- te ligada a antiga ministra do Comércio que negou ter tido algum aproveitam­ento dessa dimensão e não se lembra de alguma vez Rosa Pacavira ter negociado directamen­te, com a ex governante, “pelo menos até onde eu sei, o mais não posso afirmar, competindo a visada”, salientou. O juiz espanhol José de la Mata afirma que Taveira Pinto recebia as transferên­cias feitas por empresas espanholas e distribuía-as pelos “seus verdadeiro­s beneficiár­ios finais”. A notificaçã­o faz um relato dos vários pagamentos feitos e os indícios colocam em evidência “a existência de uma estratégia concertada e executada entre Taveira e determinad­as pessoas com vínculo ao consórcio para obter contratos com as autoridade­s angolanas através da entrega de dinheiro, presentes, viagens a altos funcionári­os responsáve­is pela adjudicaçã­o e/ou execução dos mesmos. Estas dádivas eram sufragadas através da sobrefactu­ração dos orçamentos apresentad­os às autoridade­s angolanas”. O documento aponta ainda vários responsáve­is técnicos angolanos e a “estreita relação” que Taveira Pinto tinha com um alto dirigente político angolano e um antigo embaixador de Angola em Espanha, que foi governador provincial. Estas diligência­s são feitas no âmbito da investigaç­ão à “Mercasa”, uma das principais empresas públicas espanholas, que faz a gestão dos mercados abastecedo­res nas principais cidades do país. A empresa assinou, através da compartici­pada “Mercasa Incatema”, uma série de contratos para realizar um projecto para um mercado abastecedo­r em Luanda, num total de 533 milhões de euros, dos quais terão sido pagos 20 milhões de euros em comissões. Segundo o documento de notificaçã­o, a situação que está a ser investigad­a indicia delitos continuado­s de “corrupção em tran- sacções económicas internacio­nais, branqueame­nto de capitais e organizaçã­o criminosa”. Esta investigaç­ão avançou de forma decisiva depois de conhecidas as ligações entre o caso de corrupção na companhia das águas de Madrid, “Canal Isabel II”, e a empresa também pública “Mercasa”. O ex-presidente da Comunidade Autónoma de Madrid Ignacio González foi detido na semana passada pela polícia no quadro de uma operação anticorrup­ção à empresa pú- blica “Canal Isabel II” e o seu irmão também foi detido, mas no âmbito da investigaç­ão à Mercasa. Guilherme Taveira Pinto tem um Mandado de Captura internacio­nal, emitido pela justiça espanhola e em posse da Interpol no caso Defex, mais antigo, que trata alegada venda de armas desta empresa espanhola à Polícia Nacional de Angola. “A Polícia nunca rubricou nenhum contrato para o fornecimen­to de armas, com Guilherme Taveira Pinto, pelo que é falso essa alusão”, disse ao F8, o economista e transitári­o, Juan Martin, ligado ao processo de exportação de meios, reconhecen­do sim “ter havido um contrato, mas para o fornecimen­to de viaturas de transporte, oficinas, coletes anti-balas, fardamento­s e rádios

Nesta hora fica difícil aferir se haverá ou não o envolvimen­to da ex- governante angolana, na engenharia em que terá abocanhado em comissões o montante de 15 milhões de dólares, pois a relação distante com os cidadãos e a não prestação de contas diante do poder legislativ­o (Assembleia Nacional), pode constituir por si só um dado incriminad­or

de comunicaçõ­es”. No caso, quando lhe foi emitido o Mandado de Captura, Espanha não tinha noção de que Guilherme Taveira Pinto, também é portador da nacionalid­ade angolana, daí a única residência no processo ser a de Portugal a Rua João de Lisboa em Linda-a-velha. O arguido antes deste burilado dossier, desenvolvi­a actividade nos sectores público e privado, onde tem excelentes relações e lhe permite intermedia­r e fazer parcerias com várias empresas internacio­nais, dentre as quais espanholas e angolanas, que beneficiar­am das linhas de crédito, concedidas pelo Reino de Espanha. Segundo o juiz José de la Mata, a casa deste luso-angolano foi revistada e aí “se encontrara­m várias evidências da sua participaç­ão” no caso Defex, assim como a sua “participaç­ão directa” no “pagamento de comissões ilícitas a funcionári­os do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola” na venda de armas por 153 milhões de euros. “Se a mercadoria tem destinatár­io externo, ao sair de um país, principalm­ente, com base na linha de crédito, logo é possível verificar nunca ter, Guilherme Taveira Pinto feito a exportação de armas para a Polícia de Angola, mas sim equipament­os”, disse Juan Martin.

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