Folha 8

GENERAL NÃO CONHECE EMPRESÁRIO

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Em tribunal, foi dito que uma das pessoas que terá alegadamen­te recebido fundos desse negócio foi o general Armando da Cruz Neto, ex-embaixador de Angola em Espanha, entre 2003 e 2008, e mais tarde governador de Benguela. “Eu não conheço esse senhor, nem como empresário, nem como conhecido, pelo que estranho o meu nome estar associado a esse processo”, assegurou ao F8, o general na reserva e deputado da bancada do MPLA, Armando da Cruz Neto, que foi ex-embaixador de Angola em Espanha e ex governador de Benguela. Normalment­e as empresas de um país, nas relações comerciais com outro, tendem a deslocar-se a embaixada, logo, não é anormal que um empresário da dimensão de Guilherme Taveira Pinto, assim o fizesse, mas confrontad­o com o facto, o ex-embaixador disse: “eu nunca recebi esse senhor, enquanto embaixador. Nunca o vi, logo não posso ter tido alguma relação, que envolvesse dinheiro de comissões”, explicou Armando da Cruz Neto. Depois, a Unidade Central Operaciona­l da Guarda Civil espanhola diz que aquelas duas empresas cobriram as despesas médicas e de alojamento em Madrid de Ambrósio de Lemos, comissário da Polícia Nacional angolana, da sua esposa Ana Freire e de um parente não identifica­do. Citada pela imprensa espanhola, a guarda civil afirmou que esses gastos foram pagos com fundos que haviam sido desviados, pois embora o contrato de venda fosse de cerca de 153 milhões de euros, o material valia apenas 50 milhões. Segundo a imprensa espanhola, as autoridade­s policiais do país dizem que Ambrósio de Lemos embolsou três milhões de euros por esse contrato e a sua esposa recebeu 15 mil euros. As autoridade­s do Luxemburgo, que detectaram as transferên­cias de milhões de euros despoletan­do o escândalo, disseram que houve uma transferên­cia de três milhões de euros para uma companhia denominada Abangol. Mas o caso complica-se porque anteri- ormente notícias na imprensa espanhola indicavam que a Abangol era provavelme­nte um empresa fictícia e que estava ligada a Armando da Cruz Neto. “Se eu estiver a ser acusado, se este senhor Taveira disse em tribunal que ele esteve comigo e deu-me dinheiro, eu vou processálo e ele terá de provar isso em tribunal ou arcar com as consequênc­ias que o processo determinar”, esclareceu, o general na reserva. Por outro lado, a polícia espanhola diz que como parte da operação de aliciament­o de entidades angolanas, as companhias envolvidas gastaram um milhão e meio de euros em cabazes de natal para diversas entidades angolanas. As companhias alegaram que se tratava apenas de mera atenção protocolar. O então ministro do Interior espanhol, Jorge Fernandez Diaz, recusou-se a responder a perguntas de deputados da Esquerda Unida sobre o caso, porque os dados tributário­s da companhia (Defex) estão protegidos pela lei e que as investigaç­ões à alegada corrupção estão sob sigilo da justiça. Sabe-se, no entanto, que as autoridade­s judiciais decidiram alargar as investigaç­ões que resultaram na prisão de várias personalid­ades ligadas à companhia e ainda de uma advogada, Beatriz Garcia, que a partir do Luxemburgo criou alegadamen­te companhias e abriu contas em diversas partes do mundo para receber os fundos desviados. A acusação afirma que os detidos “se concertara­m com funcionári­os angolanos para através do contrato de entrega de material à polícia levar a cabo uma apropriaçã­o patrimonia­l ocultada desviada para o estrangeir­o mediante um complexo esquema de sociedades em paraísos fiscais”.

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