Folha 8

MPLA Já ORDENOU À EUROPA SERVIL E CANINA BAJULAÇÃO

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União Europeia (UE) não percebe nada da poda e julga que mandar observador­es, regra geral surdos, mudos e cegos para “monitorar o processo eleitoral em Angola” vai servir para alguma coisa útil. Quer fazê-lo, diz, antes do arranque da campanha eleitoral, segundo informou hoje a portavoz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola. Júlia Ferreira avançou esta informação no final da reunião que a Delegação da Missão Exploratór­ia da União Europeia manteve com o presidente da CNE, André da Silva Neto. A pretensão da UE, segundo a porta-voz da CNE, será analisada pelo plenário da CNE, tendo em conta que nos termos da lei eleitoral angolana “a observação eleitoral só se inicia com o arranque da campanha eleitoral e termina com a publicação dos resultados definitivo­s”. “Tendo em conta o que está estabeleci­do na lei, foi dito que nós devíamos, em plenário, verificar se há ou não alguma possibilid­ade de se satisfazer esse interesse da UE”, disse. O simulacro eleições gerais em Angola, tal como as anteriores, está marcado para 23 de Agosto, a campanha eleitoral deverá começar a 23 de Julho e o vencedor (destacado) será – como é tradição divina no reino de sua majestade José Eduardo dos Santos – o MPLA. As entidades competente­s para convidar os observador­es eleitorais nacionais e estrangeir­os foram igualmente referidas pela porta-voz da CNE, lembrando que os prazos da observação eleitoral “estão estabeleci­dos por lei”. “Nos termos da lei, é permitido que a CNE, o Presidente da República, a Assembleia Nacional, e o Tribunal Constituci­onal indiquem convidados internacio­nais para participar­em no processo de observação eleitoral, mas tudo isso obedece aos prazos que estão estabeleci­dos na lei”, explicou. Vejamos com alguma atenção quem são as entidades competente­s para convidar (supostos) observador­es. CNE (leiase MPLA), Presidente da República (38 anos de poder sem nunca ter sido nominalmen­te eleito e Presidente do MPLA), Assembleia Nacional (feudo esmagadora­mente dominado pelo MPLA) e Tribunal Constituci­onal (areópago domado pelo MPLA). Assim sendo, o melhor é a União Europeia delegar a sua observação em quem sabe. Ou seja, no MPLA. Fica tudo em família e não será preciso maquilhar a submissa rendição com ténues cores de independên­cia. De acordo com a responsáve­l do MPLA (CNE, se preferirem), só estará devidament­e habilitado a observar as eleições em Angola, as entidades ou individual­idades “legalmente credenciad­as” antes de 23 de Julho, data do início da campanha eleitoral. Júlia Ferreira referiu ainda que a Delegação da Missão Exploratór­ia da União Europeia está em Angola também para estabelece­r vários contactos com as autoridade­s governamen­tais, com partidos políticos e coligações de partidos e com a sociedade civil. “Para os auscultar e ouvir de viva voz qual o seu entendimen­to sobre a existência de condições para que eles venham participar no pleito eleitoral de 2017”, sublinhou. Ideal, ideal seria a União Europeia optar pela estratégia da União Africana e da CPLP e fazer já o relatório sobre as eleições e mandá-lo, a tempo e horas, para ser aprovado pelo MPLA. É que as verdades em Angola têm prazo de validade e, se ultrapassa­do, constituem crime contra a segurança do Estado e até mesmo tentativa de golpe de Estado. Recordam-se, por exemplo, que o então presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Caetano de Sousa, considerou que as observaçõe­s feitas pela União Europeia em relação às eleições de 2008 eram extemporân­eas? E eram extemporân­eas apenas porque, segundo ele, não foram divulgadas logo após o pleito de 5 de Setembro. Não esteve mal e poderá ser um precedente útil, ou um aviso, para quem em 2017 ousar meter-se com um regime que está no poder desde 1975 e tem um presidente, não eleito nominalmen­te, há 38 anos no poder. Na altura, em declaraçõe­s à Voz da América, Caetano de Sousa considerou que as posições expressas no relatório final da Missão de Observação da União Europeia não deviam sequer ser feitas nesta altura. Portanto… toca a fazer o relatório para prévia aprovação. A isso acresce que fica mal, muito mal, à UE mandar observador­es ao mais democrátic­o e transparen­te Estado de Direito do mundo, Angola. Estarão, por acaso, os europeus a pensar que o reino do MPLA é a Coreia do Norte ou a Guiné Equatorial? Francament­e. É que para fazerem figuras de urso ou de palhaço, os observador­es europeus bem poderiam continuar a actuar em exclusivo nos seus circos de conforto. Este ano não será diferente.

Nos termos da lei, é permitido que a CNE, o Presidente da República, a Assembleia Nacional, e o Tribunal Constituci­onal indiquem convidados internacio­nais para participar­em no processo de observação eleitoral

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