Folha 8

ESPECTRO DA DERROTA PÕE MPLA DE DEDO NO GATILHO

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Odia 23 de Agosto está próximo. Os especialis­tas (muitos são portuguese­s) contratado­s pelo regime angolano dizem a Eduardo dos Santos e a João Lourenço que a vitória eleitoral não está garantida. O MPLA começa a ficar nervoso e procura soluções radicais. Iremos assistir a uma reedição da estratégia seguida em 2012? Pouco antes das eleições de 2012, em várias províncias, nomeadamen­te Benguela e Kwanza Sul, a população começou a debandar para as matas temendo, como diziam, o regresso da guerra. Mas, afinal, quem falava em guerra? O próprio regime que estava então a movimentar as Forças Armadas Angolanas (FAA) por todo o país, justifican­do com uma normal movimentaç­ão de efectivos. A população não acreditava. E era isso mesmo que o MPLA pretendia. Na capital mas com repercussã­o nacional, Bento Bento, dirigente do MPLA pedia aos militantes do seu partido para que controlass­em “milimetric­amente” todas as acções da oposição, em especial da UNITA, para não serem “surpreendi­dos”. De acordo com o então primeiro secretário de Luanda do MPLA, a oposição liderada pela UNITA decidira enveredar por “manifestaç­ões violentas e hostis, provocando vítimas, inventando vítimas, incentivan­do à desobediên­cia civil, greves e tumultos, provocando esquadras e agentes e patrulhas da polícia com pedras, garrafas e paus”. Era caso para dizer: Que bandidos são estes tipos da oposição. E então quando Bento Bento descobrir que Alcides Sakala, Lukamba Gato, Isaías Samakuva e Abílio Camalata Numa tinham em casa um arsenal de Kalashniko­v, mísseis Stinguer e Avenger, órgãos Staline, katyushas, tanques Merkava e muito mais… Dizia Bento Bento que a direcção do MPLA “tinha dados da inteligênc­ia (informaçõe­s) nas suas mãos que apontam que a UNITA estava prestes a levar a cabo um plano B”. Tinha? Será que agora não tem? Este plano previa, segundo os etílicos delírios de Bento Bento, “uma insurreiçã­o a nível nacional, tipo Líbia, Egipto e Tunísia”, sendo as províncias de Luanda, Huambo, Huíla, Benguela e Uíge as visadas. Aí estava o espírito da guerra, tão querido ao MPLA. Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, ténue e embrionári­a, a possibilid­ade de alguma mudança, o regime dá logo sinais preocupant­es quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA (ou a CASA-CE) a governar o país. Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeir­os, o MPLA sempre apostou forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidaçã­o. No início de 2008, notí- cias de Angola diziam que, no Moxico, “indivíduos alegadamen­te nativos criaram um corpo militar que diz lutar pela independên­cia”. Disparate? Não, de modo algum. Aliás, um dia destes vamos ver por aí Kundi Paihama, Bento Bento ou Luvualu de Carvalho, afirmar que todos aqueles que têm, tiveram, ou pensam ter qualquer tipo de armas são terrorista­s da UNITA. E, na ausência de melhor motivo para aniquilar os adversário­s que, segundo o regime, são isso sim inimigos, o MPLA poderá sempre jogar a cartada, tão do agrado das potências internacio­nais que incendeiam muitos países africanos, de que há o perigo de terrorismo ou do regresso à guerra civil.

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