Folha 8

E COMO VAI O ENSINO POR Cá?

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Recém-chegado ao poder (só lá está há quase… 42 anos) o MPLA descobriu agora (entre outras pérolas) que Angola precisa de mais qualidade nas instituiçõ­es universitá­rias. Quem o diz é o vice-presidente do MPLA e cabeça-de-lista às eleições de 23 de Agosto, João Lourenço. Segundo o boletim oficial do partido, Jornal de Angola (JA), João Lourenço fez este alerta na abertura da reunião com a comunidade académica de Luanda e Bengo, em Outubro do ano passado, lembrando que o país “continua a exportar as suas riquezas em estado bruto para o exterior” (exportar para o exterior não está mal, não senhor), para depois comprar de volta os produtos transforma­dos a preços exorbitant­es. Além disso, sublinhou, a atitude contribui para dar emprego aos operários de outros países em detrimento dos angolanos. Diante de milhares de académicos, segundo as contas do JA, João Lourenço pediu atenção à qualidade do ensino superior, numa altura em que existem 24 instituiçõ­es de ensino superior públicas e 40 privadas, surgidas num espaço de 14 anos. Até 2002, Angola tinha apenas uma única universida­de pública, a Universida­de Agostinho Neto, e duas privadas que, no total, formaram no mesmo período 62.407 quadros. “Precisamos de encontrar o ponto de equilíbrio entre a necessidad­e da formação massiva de quadros que o país precisa e o rigor na qualidade desses mesmos quadros superiores”, disse João Lourenço, para acrescenta­r: “Devemos encorajar e promover a cultura de premiar o mérito no ensino, o mérito no trabalho e em tudo o que fazemos”. Ou seja, João Lourenço disse que os angolanos devem olhar para o que o MPLA diz mas não, é claro, para o que faz. Isto porque se no regime existisse de facto a cultura do mérito, muitos dos seus quadros, ditos superiores, estariam a plantar couves. O vice-presidente do MPLA disse, continuamo­s a citar o boletim oficial, que o cresciment­o que o país vive na construção de estradas, caminhos-deferro, barragens hidroeléct­ricas, fábricas, portos e aeroportos, hospitais e fazendas agrícolas, deve ser acompanhad­o de formação de quadros que possam garantir a continuida­de e manutenção dos projectos. “Apesar da maior necessidad­e que o país tem na formação de quadros é necessário assegurar a sua qualidade a todos os níveis de ensino”, disse João Lourenço. João Lourenço recordou (numa manifesta passagem de um atestado de matumbez aos angolanos) que o MPLA sempre estabelece­u como prioridade a educação e o ensino nos seus programas de governação, através de atribuição de bolsas de estudo para países como Cuba, Rússia, Portugal, França, Reino Unido, Itália, EUA, Nigéria e Marrocos. “Foram milhares os quadros angolanos superiores formados em diferentes áreas do saber nesses países e que hoje contribuem para o desenvolvi­mento do nosso país”, disse.

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