Folha 8

PROPAGANDA DO TERROR

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e no passado, pelo sim e pelo não, falaram de gente armada no Moxico, agora deverão juntar o Bié ou o Huambo. Kundi Paihama, um dos maiores especialis­tas de Eduardo dos Santos nesta matéria, não tardará – se assim for convenient­e – a redescobri­r mais uns tantos exércitos espalhados pelas terras onde a UNITA tem mais influência política, para além de já ter dito que quem falar contra o MPLA vai para a cadeia, certamente comer farelo. Tal como mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelame­nte às enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo.

Além disso, nos areópagos internacio­nais vai deixando a mensagem de que ainda existem por todo o país bandos armados, ou a armar-se, que precisam de ser neutraliza­dos. Aliás, como também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil. E, como também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em contrário. Numa entrevista à LAC – Luanda Antena Comercial, no dia 12 de Fevereiro de 2008, o então ministro da Defesa, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas es- condidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra. Kundi Paihama, ao seu melhor estilo, esclareceu, contudo, que os antigos militares do MPLA, “se têm armas”, não é para “fazer mal a ninguém” mas sim “para ir à caça”. Ora aí está. Tudo bons rapazes. Quanto aos antigos militares da UNITA, Kundi Paihama disse que a conversa era outra e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto. Se calhar é agora a altura. Na entrevista à LAC, Kundi Paihama disse textualmen­te: “Ainda hoje se está a descobrir esconderij­os de armas”. O regime reedita em 2017, obviamente numa versão acrescenta­da e melhorada, as linhas estratégic­as do seu plano de 2008 e de 2012. “A situação interna não transparec­e em bons augúrios para o MPLA, devido a várias manobras propagandí­sticas por parte dos partidos da oposição e de cidadãos independen­tes apostados em incriminar o Partido no Poder para fazer vingar as suas posições mercenária­s junto da população civil e das chancelari­as e comunidade internacio­nal”, lia-se na versão de 2008. Na de 2012 mantevese o conteúdo e só a embalagem mudou qualquer coisa. Pouca coisa, aliás. Na de 2017 apenas deixou de aparecer a chipala de José Eduardo dos Santos. No terreno está a onda propagandí­stica sobre a UNITA e a CASA-CE e os seus dirigentes nos órgãos de comunicaçã­o social, relacionad­os com a descoberta de novos paióis de armamento nas províncias. Para além da apertada vigilância sobre os dirigentes da cúpula da UNITA (incluindo escutas telefónica­s), foram reactivada­s as células-mortas de informador­es no interior do Galo Negro, bem como as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de Luanda e nas capitais provinciai­s, as quais podem contar – se for necessário – com armamento ligeiro. Afinal, na História recente ( desde 1975) do regime angolano, nada se perde e tudo se transforma para que os mesmos continuem a ser donos do poder e, é claro, de Angola.

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