Folha 8

FANTASMAS

- POR GIL GONÇALVES

Estavam os escravos na plantação Queriam ser independen­tes ou não Disseram que sim A escravatur­a chegou ao fim Tinha que haver luta de libertação Mais chicote não Que seriam nossas as riquezas O petróleo e outras certezas Dinheiro não ia faltar Muito ia sobrar Não era preciso trabalhar Todos iam chefiar Mas um escravo para se libertar Tem que se formar No gatilho da arma a disparar Não é necessário ensino escolar Mas sem formação Não há libertação O escravo prossegue na servidão Mudou de nome a colonizaçã­o Assim viver No insensível poder É sofrer É de certeza morrer Para que é que lutaram Se nada edificaram À miséria nos crucificar­am À fome nos vitimaram Neste matadouro de geradores O fumo mata as crianças flores Intitulam-se de doutores Os impostores O império desabava A oposição falava Tudo mal andava Outra coisa não se esperava A desgraça se sentia A miséria acontecia A fome dava agonia A população desapareci­a Eliminar o intelectua­l É normal Que foi acidental Que morreu de morte natural

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