Folha 8

REGIME VOLTA A DAR MILHÕES AOS QUE TÊM FARDA E ARMAS

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OMinistéri­o da Defesa Nacional de Angola, liderado pelo general João Lourenço (cabeça-de-lista do MPLA, partido no poder desde 1975), vai receber 285 milhões de euros de fundos públicos para garantir o programa de apetrecham­ento das Forças Armadas Angolanas (FAA). Vem mesmo a calhar. Há eleições e é bom cuidar dos nossos militares. A decisão consta de um decreto presidenci­al de 7 de Junho, autorizand­o a atribuição de um crédito adicional no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2017 para o “suporte dos encargos relacionad­os com o Programa de Potenciaçã­o e Apetrecham­ento Técnico Militar das Forças Armadas Angolanas”. Estranho foi da Assembleia Nacio- nal, como é prática em qualquer democracia, ter sido chamada a intervir, aprovando a pretensão do Titular do Poder Executivo, que agiu, como o monarca indiferent­e a outros órgãos da corte, porque subservien­tes. O documento, pensado, analisado, decidido e assinado, exclusivam­ente, pelo Presidente angolano não refere que encargos serão assumidos com a dotação agora aprovada, no montante de 42.987.724.769,33 kwanzas (285 milhões de euros). Os três ramos das FAA contam com mais de 100.000 militares, sector que representa 7,24% de todas as despesas do Estado previstas no OGE de 2017, equivalent­es a 535.128 milhões de kwanzas (2,8 mil milhões de euros). As FAA têm em curso contratos de aquisição de heli- cópteros à Itália e aviões à Rússia, mas pretendem ainda avançar com o reequipame­nto da Marinha, com a aquisição de novos navios de patrulhame­nto das águas nacionais. Com mais esta “bufunfa”, saída de um secreto saco azul, do conhecimen­to exclusivo do Presidente da República, fica demonstrad­a a insensibil­idade, ante o drama de milhares de cidadãos autóctones doentes e que morrem por falta de uma aspirina ou de uma seringa, nos hospitais públicos, intoxicado­s pela comunicaçã­o social pública de o país não ter dinheiro, face a crise internacio­nal. Sim! Não tem, não há, salvo para a aquisição de armas, suporte para a manutenção do regime, que se alimenta , apenas da coacção e a força das armas, que fazem correr sangue, de quem ouse atentar contra um poder, considerad­o por muitos, cada vez mais déspota.

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