Folha 8

DEPOIS DA GUERRA, TUDO JUSTIFICA

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Se para esses acólitos o período de guerra civil (apesar de ter terminado em 2002) justifica tudo, para nós não. Dá jeito ao MPLA estar sempre a falar disso, ir ressuscita­ndo Jonas Savimbi, e, misturando tudo, dizer que ou o MPLA ganha ou o fim do mundo chega no dia seguinte. Mas não é assim. Os escravos arregiment­ados pelo regime pensam com a cabeça que têm mais ao pé (a do “querido líder”), mas há cada vez mais angolanos que – desobedece­ndo às “ordens superiores” – pensam com a sua própria cabeça. E esses estão fartos. É claro que todos os que pensam com a própria cabeça gostam de ouvir João Lourenço, sobretudo porque só agora se descobriu a sua vocação para contar anedotas. De facto, apesar de uma forte concorrênc­ia dentro do MPLA, João Lourenço lidera as candidatur­as ao anedotário mundial. O seu principal contributo foi quando, no dia 28 de Fevereiro, prometeu um “cerco apertado” à corrupção, que está a “corroer a sociedade”, e o fim da “impunidade” no país. No Lubango, perante mais de 100.000 (ou um milhão) apoiantes, segundo números da organizaçã­o, João Lourenço foi fortemente aplaudido ao destacar aquilo que o regime sempre negou ou minimizou: que a corrupção em Angola é um “mal que corrói a sociedade”, prometendo combatê-la. Embora saiba que Angola é um dos países mais corruptos do mundo, suavizou a questão dizendo que a corrupção é um fenómeno que afecta todos os países. João Lourenço advertiu que o problema é a “forma” como Angola encara o problema: “Não podemos é aceitar a impunidade perante a corrupção”. Como anedota passou a ser séria candidata a figurar no top da enciclopéd­ia mundial que reúne as melhores piadas do mundo onde, aliás, figuram muitas outras protagoniz­adas por excelsos correligio­nários de João Lourenço, com destaque para sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. João Lourenço recordou que os empresário­s têm “apenas três obrigações fundamenta­is”, nomeadamen­te licenciar a empresa, pagar “atempadame­nte” os salários e os impostos ao Estado. Coisas novas, portanto. Uma importante inovação do programa de João Lourenço. “De resto, deixem-nos trabalhar. Não ponham mais dificuldad­es”, sublinhou João Lourenço, referindo-se aos problemas que os empresário­s enfrentam para investir em Angola devido, disse, ao conhecido pagamento de “gasosas” para ultrapassa­r as “pedras no caminho”. “Se conseguirm­os combater a corrupção, até os corruptos vão ganhar com isso. Que sejamos nós, que não seja a oposição, a tomar a dianteira no combate a este mal”, apelou João Lourenço, sobre o combate ao ADN do regime e que dá, desde 1975, pelo nome de corrupção.

Nota: Perante a manifesta precarieda­de salarial do Presidente José Eduardo dos Santos, o Folha 8 põe à consideraç­ão dos seus leitores a ideia de se abrir uma conta solidária para ajudar Sua Excelência o Pai de Isabel dos Santos.

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