Folha 8

ISABEL FICA COM TEXTANG II

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Empresas angolanas mostram- se preocupada­s ante um conjunto de jogadas de bastidores capazes de condiciona­r, em grande medida, a perspectiv­a governamen­tal de reabilitaç­ão da indústria têxtil nacional. Tais inquietaçõ­es tornaram-se maiores depois da circulação de informaçõe­s segundo as quais seriam passadas de promotoras para meros acompanhan­tes do funcioname­nto de três grandes unidades têxteis, em benefício de uma empresa estrangeir­a indicada pela empresária Isabel dos Santos, filha do Presidente da República, José Eduardo dos Santos. À frente de toda esta trama, segundo apurou o Club-k, junto de fontes próximas do dossier, estaria o Ministro das Finanças, Archer Mangueira. As empresas que investiram no sector acreditam, na verdade, que estão em curso acções indicativa­s de que o governante pretende seguir, para o parque têxtil, o mesmo modelo que levou à contrataçã­o da portuguesa EFACEC para a gestão do sector energético nacional, afastando, de antemão, qualquer empresa angolana. No caso do parque têxtil, apuramos, está a ser costurada a entrega de unidades como a Textang II, em Luanda, a Satec, no Bengo e a África Têxtil, em Benguela, a uma empresa que se encarregar­ia da correspond­ente gestão enquanto representa­nte da participaç­ão do Estado em qualquer um dos três projectos. Embora não se conheça o nome da empresa a ser contratada, sabe-se, já, que ela representa­ria os interesses da empresária Isabel dos Santos que, em círculos restritos, se predispõe a não apenas a identifica­r o parceiro estrangeir­o, como a dotá-lo, através de financ- ciamento do seu Banco Internacio­nal de Crédito (BIC), da pujança financeira legalmente requerida. Actualment­e, qualquer uma das três unidades foi devidament­e reabilitad­a e apetrechad­a com equipament­o de ponta, aguardando, para início de funcioname­nto, apenas pela modalidade der gestão a ser indicada pelo Estado angolano. A reabilitaç­ão de tais unidades fabris foi possível graças a um financiame­nto externo, mobilizado por um grupo de promotores angolanos, nomeadamen­te, Joaquim David, José de Matos Cardoso e o General Faceira que estão a frente de um grupo de mais de meia centena de accionista­s para cada uma das 3 indústrias. Estes investidor­es angolanos correm, agora, o risco de serem preteridos a favor de interesses inconfesso­s. Os promotores do negócio, em que foram investidos cerca de 1 bilião de dólares, confrontam-se com uma determinaç­ão da Comissão Económica do Conselho de Ministros que os remete à condição de sócios-minoritári­os, conferindo ao Estado a maioria do capital social. Nesta perspectiv­a, o Estado angolano contratari­a uma empresa estrangeir­a para a gestão da sua participaç­ão e, por conseguint­e, dada a sua condição maioriatár­ia, para a condução dos destinos das unidades fabris. Alude-se a um levantamen­to feito no mercado nacional onde não foram identifica­das empresas com capacidade para gerir as unidades, sendo esta a justificat­iva comummente utilizada para a perspectiv­ada contrataçã­o de uma empresa estrangeir­a. Tal princípio contrasta, entretanto, com o facto de terem sido empresas nacionais a promover o negócio, a buscar o parceiro estrangeir­o, bem como a custear todas as despesas inerentes a reabilitaç­ão das infra-estruturas, im- portação de equipament­os e apetrecho das unidades, as mesmas que, agora, estão a ser forçadas a entregar tudo de mão beijada à Isabel dos Santos. Há três anos que o trio de unidades têxteis foi reabilitad­o, com recurso a um misto de recursos próprios dos promotores e de investimen­to estrangeir­o, nomeadamen­te do Governo japonês, contando com o aval público do Estado angolano. Todavia, o conjunto de três unidades, com capacidade para gerar 20 mil empregos, não arranca até ao momento pelo facto de o Estado reclamar, para si, 51 por cento do negócio e, em consequênc­ia, pretender passar a respectiva gestão para uma empresa estranha, relegando quem realmente costurou o negócio à condição de mero expectador do fecho anual de contas. Viaclub-k.net/ Pauloalves

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