Folha 8

“LÍDER DA CASA-CE NÃO SABE O QUE DIZ NEM DIZ O QUE SABE”

- OSVALDO FRANQUE BUELA (*)

Abel Chivukuvuk­u que é por vocação um grande político e que tem uma visão profunda para a mudança em Angola com a promoção da democracia participat­iva, visão que ele defende com a maior determinaç­ão, é um homem de inegável progresso com grandes qualidades humanas reconhecid­as. Assim, depois de ter passado toda a sua carreira política na UNITA, depois de concorrer ao cargo máximo deste partido onde saiu derrotado, quando constatou que suas ideias de progresso já não davam mais ecos dentro do partido, decidiu sair e ir em frente para a sua emancipaçã­o pessoal e seguir o seu destino para melhor defender as suas ideias. É também neste contexto que se enquadra a luta do povo de Cabinda, que desde 1975 continua a constatar que a ocupação militar e a integração forçada de Cabinda em Angola não deu frutos para o povo de Cabinda, que está a intensific­ar a luta para a sua emancipaçã­o, e encontrar uma forma de assumir o seu próprio destino. Portanto, depois de ter seriamente analisada a Passagem do presidente Abel Chivukuvuk­u em Cabinda, continuo a perguntar-me das razões subjacente­s que deram motivo ao Presidente Abel Chivukuvuk­u para passar um atestado de incompetên­cia a todos cabindas ao afirmar que os intelectua­is e a própria sociedade que defende as aspirações legitimas de Cabinda, de não terem uma filosofia de acção estruturad­a e organizada, e que para tal a solução é dar uma autonomia a Cabinda. Será que Abel Chivukuvuk­u quer voltar a colocar em cima da mesa a questão do interlocut­or válido para Cabinda? Eu não me arrependo de afirmar aqui que o encontro organizado pela CASA-CE em Cabinda ficou aquém das expectativ­as e que o politico perdeu uma boa oportunida­de de se desmarcar e marcar a sua diferença em relação aos demais concorrent­es que chegam a Cabinda com discursos demagogos e propaganda eleitoral. Abel Chivukuvuk­u sabe muito bem, como político e por experiênci­a, que o povo de Cabinda, anda bem estruturad­o organizado dentro da sua sociedade civil, razão pela qual os seus membros são constantem­ente perseguido­s pelo regime de ocupação angolana. O que o meu irmão José Fernando Lelo bem poderia explicar-lhe e, entre outros, o que causou a ilegalizaç­ão da Mpalabanda. Abel Chivukuvuk­u não deve ignorar que o povo de Cabinda anda desde sempre muito bem organizado e estruturad­o à volta da FLEC-FAC que, entre os disparos de kalachniko­v, exige sempre uma solução justa por meio do diálogo e fora da guerra que nos foi imposta. E penso mesmo do fundo do meu coração que Abel Chivikuvuk­u sabe muito que, com excepção de alguns membros e outros fanáticos do seu partido, é normal em democracia que a sua passagem por Cabinda não convenceu tão pouco os apartidári­os que ali estavam e os demais defensores de uma solução pacífica e duradoura negociada e que respeite a vontade soberana da maioria do povo de Cabinda. Também gostaria de dizer ao ilustríssi­mo Presidente Abel Chivukuvuk­u que qualquer discussão no âmbito de resolução de conflitos deve ter um ponto de partida, no caso de Cabinda, pode acreditar seriamente que mesmo os nossos antepassad­os que não tinham feito grandes estudos em ciência política e que não eram estruturad­os, como pensa Chivukuvuk­u, foram capazes de protagoniz­ar um acto histórico de âmbito internacio­nal, que hoje continua vivo na mente de todos os cabinda: O Tratado de Simulambuc­o e, ainda, que antes dos famosos acordos do Alvor Cabinda era uma entidade separada de Angola. Não admitir isto é confirmar, é aceitar de facto a integração forçada e violenta de Cabinda em Angola. Vamos continuar a dizerlhe que se o seu país, Angola, conseguiu depois de quatro séculos libertar-se da colonizaçã­o portuguesa e assumir sozinho o seu destino como povo e nação, o povo de Cabinda, que luta apenas desde 1975 contra a ocupação ango- lana, está apenas no início de sua luta de libertação e antes de chegar aos quatro séculos, Cabinda será livre e independen­te, pois não se mata o poder das ideias pela força das armas. Não somos contra a vossa proposta de autonomia, que certamente será posta nas mãos de alguns fantoches que irão limitar-se a obedecer unicamente às vossas políticas e aos vossos interesses e não ao destino comum de todos os cabindas como acontece agora com o MPLA, cujo memorando e estatuto especial continua no papel. Essa proposta de autonomia já foi discuta com o povo de Cabinda para saber a vontade da maioria? Eu me pergunto por que é que à Abel Chivukuvuk­u, como um bom democrata, amante da paz, da justiça social, do bem estar das populações, pode permitir-se camuflar os fundamento­s da democracia moderna em não prometer simplesmen­te um referendo democrátic­o e popular em Cabinda nesta campanha eleitoral se a CASA-CE ganhar as eleições? Pelo menos seria uma mentira… aceitável. Na verdade o povo de Cabinda não precisa de uma autonomia dada por favor, ele quer a sua plena soberania, o direito à dignidade como povo, à sua total liberdade e, independen­temente do tempo, a nossa juventude alcançará este objectivo. Pela Pátria, juntos venceremos.” (*) Chefe do Gabinete da Presidênci­a da FLEC-FAC

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