Folha 8

A PREMONITÓR­IA ELEIÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE I

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No mês de Agosto de 2016, aconteceu perto do nosso país uma peripécia anormal em toda a parte do mundo, uma eleição presidenci­al em que o vencedor foi declarado presidente da República do seu país não obstante ter sido contemplad­o com menos de 50% dos votos validados. O estranho fenómeno desenrolou-se no arquipélag­o de São Tomé e Príncipe (STP) e temos razões para avançar que em Angola não estamos de modo algum ao abrigo de nos acontecer o mesmo ou algo parecido, apesar das diferenças existentes no enquadrame­nto de cada um dos dois pleitos no xadrez político desses dois países. De facto: Angola, país imenso e mais de 9 milhões de eleitores; STP, minúsculo arquipélag­o e um pouco mais de 111 mil eleitores; em Angola, um partido dominante “único” desde a Dipanda até hoje e, em STP, uma teimosa alternânci­a de poderes depois da instauraçã­o do multiparti­darismo em 1991, entre Manuel Pinto da Costa, fundador do Movimento de Libertação MLSTP e transfigur­ado em candidato independen­te depois de este órgão ter praticamen­te desapareci­do da cena política são-tomense e Miguel Trovoada, fundador em 1995 da ADI (Acção Democrátic­a Independen­te), partido político, digamos, moderno. Entretanto, no afã da democratiz­ação, desde 1991 que o presidente tinha passado a ser figura de proa sem grandes poderes e o primeiro-ministro detentor do essencial do poder Executivo. Em 2008 entra em cena Patrice Trovoada, filho de papai. Sem delongas chega a primeiro-ministro, controla o Parlamento, o poder judicial, subjugado, passou a ser um tentáculo do poder Executivo e foi neste figurino que se realizaram as eleições de Agosto de 2016, em STP. Concorrera­m ao cargo de Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, como independen­te, o deputado Evaristo de Carvalho, testa-de-ferro do primeiromi­nistro cessante, Patrice Trovoada, ambos do partido ADI, mais três candidatos entre os quais a ex-primeira ministra, Maria das Neves, Tudo apontava para um despique cerrado entre esses três nomes e o que aconteceu foi uma enorme surpresa, o vencedor folgado do escrutínio foi Evaristo de Carvalho da ADI, com 50,1% de votos, o mínimo indispensá­vel para vencer e não precisar de ir a uma segunda volta. Lembram-se dos 82% de 2008?...

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