CATÓLICA ALERTA SOBRE RISCOS DA ECONOMIA
AUniversidade Católica não tem deixado por mãos alheias o seu papel, enquanto centro de formação académica e através do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) tem se destacado em estudos multiformes sobre o estado da economia nacional, nos últimos anos, com apurada cientificidade e rigor. No 22 de Junho, durante a apresentação do Relatório Económico de Angola 2016, alertou para a necessidade do regime empreender reformas estruturais urgentes no país, capaz de contornar a “desaceleração estrutural” provocada pela crise da baixa do petróleo na economia nacional. Na opinião do director do CEIC, Manuel Alves da Rocha, “as dificuldades do país têm-se vindo acentuar desde 2014”, quando se deu iní- cio a crise, assistindo-se acto contínuo a quebra nas receitas petrolíferas, provocando a “redução anual da capacidade de crescimento da economia angolana”. É dentro deste quadro complicado que navega o país com acentuadas “dificuldades de financiamento da própria economia e das empresas”, logo exigindo-se urgentes e merecidas “reformas estruturais” visando a retomada do crescimento cujos efeitos poderão começar a ser sentidos, a partir de 2020. “Há reformas estruturais que têm que ser feitas, há matérias que têm de ser atacadas que se não forem minimizadas ou dirimidas não haverá essa capacidade de se reverter essa tendência de desaceleração da economia”, argumentou, tal como alude o documento, na análise do Produto Interno Bruto, que aponta um decréscimo da economia em 2016, na ordem dos 3,6%. E porquê? O economista Alves da Rocha não escolheu muito as palavras e focou as origens na “burocracia e a corrupção” como os grandes cancros do crescimento: “A burocracia conduz à corrupção. O investimento privado é fundamental, aliás, a economia de Angola tem que ser entregue ao sector privado competente e inovador e não aqueles dependentes de favores do Orçamento Geral do Estado (OGE) “, afirmou, manifestando-se “descrente”
na ladainha sobre um novo MPLA, que governa Angola nos últimos 42 anos. “Será que vamos assistir ao surgimento de um novo MPLA? Com uma nova mentalidade e postura relativamente a resolução desses problemas? Eu tenho dúvidas. E se calhar é por isso que agências internacionais de classificação de riscos dos países afirmam que do seu ponto de vista as eleições não vão alterar a actual situação do país”. O desemprego galopante, uma das obras primas das más políticas económicas do MPLA, continuam a ser uma grande preocupação pelos riscos de potenciais convulsões sociais, num futuro próximo se nada for feito, como defende o relatório, pese o regime, como sempre, andar em sentido contrário, como apontar alto crescimento da indústria transformadora. “Essa indústria apresenta dados que criou 50.000 postos de tra- balho quando a sua taxa de crescimento foi negativa. Como é que isto é possível, um sector de actividade decrescer e vê o emprego aumentar? Portanto, isto, não compreendemos e a única explicação que encontramos é a inconsistência dos dados”, defende Alves da Rocha. Quanto a propalada diversificação da economia, o Relatório Económico de Angola achando ser uma brincadeira de meninos grandes, decidiu excluir do estudo por não haver nada mais do que verbo, ao invés de projectos e programas consistentes e coerentes, capazes de apontarem verdadeiras reformas e visões de revitalização da economia. Se isso tivesse acontecido o CEIC apontaria os respectivos avanços, não havendo a omissão é o melhor caminho, segundo o homem forte do CEIC.