Folha 8

AS CADEIAS DE FORNECIMEN­TOS

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A investigaç­ão contida no relatório “Taking Stock” abrange o longo historial do Iraque no que toca à proliferaç­ão de armas e as complexas cadeias de fornecimen­tos que mais provavelme­nte permitiram fazer chegar às mãos do Estado Islâmico algumas das mais recentes armas que estão na posse do grupo. O arsenal do Exército iraquiano cresceu substancia­lmente nos finais dos anos de 1970 e no início da década de 1980, especialme­nte no contexto da guerra entre o Iraque e o Irão. Este foi um mo- mento prolífico no desenvolvi­mento do mercado moderno global de armamento, altura em que pelo menos 34 países diferentes forneceram armas ao Iraque – e 28 desses mesmos países estavam também, ao mesmo tempo, a exportar armamento para o Irão. Entretanto, o então Presidente do Iraque, Saddam Hussein, supervisio­nou o desenvolvi­mento de uma robusta indústria nacional de armamento, tendo sido fabricadas no próprio país armas de pequeno calibre, morteiros e bombas de artilharia. Depois de o Iraque ter invadido o Kuwait em 1990, um embargo às armas aprovado pelas Nações Unidas fez diminuir as importaçõe­s de armamento pelo Iraque até 2003, mas durante e após a invasão liderada pelos Estados Unidos uma vez mais o país foi inundado com fornecimen­tos de armas. Muitos destes fluxos tão pouco foram devidament­e monitoriza­dos e auditados pela coligação liderada pelos Estados Unidos, nem pelas reconstitu­ídas forças armadas iraquianas. Perdeu- se o rasto a centenas de milhares dessas armas, que continuam desapareci­das. Os esforços mais recentes para reconstrui­r e reequipar o Exército iraquiano e forças associadas voltaram a resultar num fluxo maciço de armas para o país. Entre 2011 e 2013, os Estados Unidos assinaram contratos no valor de milhares de milhões de dólares de fornecimen­tos de tanques 140M1A1 Abrams, jatos de combate F16, unidades portáteis de mísseis antiaéreos 681 Stinger, baterias antiaéreas Hawk, e outro equipament­o de elevado grau de sofisticaç­ão. Em 2014, os Estados Unidos tinham entregado já armamento de pequeno calibre e munições ao Governo iraquiano no valor de mais de 500 milhões de dólares. A corrupção endémica nas forças armadas do Iraque, a par dos fracos controlos feitos aos arsenais militares e o débil rastreio das armas, traduzem- se na existência de um continuado alto nível de risco de estas armas serem desviadas por grupos armados, incluindo o Estado Islâmico.

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