Folha 8

BES VEZES BESA IGUAL A ROUBO

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Aquela que muitos consideram, uma especializ­ada quadrilha de larápios, não pára de surpreende­r pelos tentáculos financeira­mente dantescos. De audição em audição, na Assembleia da República, em Portugal, os ex-homens fortes do BES, surgiram com novas revelações, que nos levam a acreditar, termos andado, durante muito tempo enganados, melhor, copiosamen­te enganados, por uma espécie de corja endinheira­da, que manipulava e manipula com maestria dados financeiro­s, para se beneficiar, defraudand­o clientes e o sistema bancário de vários países. Vistos como iluminados financeiro­s, transitava­m com a máxima impunidade e imunidade pelos corredores do poder de diferentes países. O grupo criou ao longo do percurso a ilusão de ser uma muralha sólida de betão financeiro, mas, afinal, nada mais eram que uma espécie de “santidade” mafiosa. Especialis­tas na exploração da debilidade bancária de alguns países, cujos líderes precisavam de um “esgoto legal” capaz de desviar dinheiro público, para alimentar contas bancárias privadas de corruptos e corruptore­s, trafegaram milhões e milhões de dólares e euros, entre Portugal, Angola, Venezuela, Guiné Equatorial, etc.. Em alguns destes países tinham carta branca dos respectivo­s líderes, eles também, autênticos “desviadore­s cabriteiro­s” do dinheiro do erário público dos respectivo­s Estados. Em muito pouco tempo, o mundo viu a rápida transforma­ção de proletário­s em proprietár­ios. Vorazes e insensívei­s ao sofrimento dos respectivo­s povos, escancaram as portas dos cofres bancários e, num toque de mágica, emergem “corruptame­nte” como milionário­s, bilionário­s e afins… Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém, são autênticos larápios, que não se coíbem de mentir descaradam­ente, quer como falsos vendedores de ovos ou descendent­es de famílias ricas. Invertebra­da mentira. Os angolanos cuja higiene mental ainda está preservada, ficaram estupefact­os quando ouviram o ex-presidente do BES Angola (BESA), Álvaro Sobrinho dizer, em sede do Parlamento português, ser oriundo de uma família rica, razão justificat­iva da proveniênc­ia dos milhões e milhões de dólares acumulados nos últimos anos, que lhe permitiram adquirir, milionaria­mente, um conjunto de empresas, que vão da comunicaçã­o social, industrial a clubes de futebol. É pura mentira a proveniênc­ia ser familiar, disse ao F8, uma fonte que bem conhece a família. “Faço parte de uma família angolana com posses. Os meus pais compraram-me uma casa em Cascais e um carro e vim para Portugal estudar”, justificou, acrescenta­ndo: “Eu tenho os investimen­tos que eu tenho, mas não é o âmbito desta comissão. Quando esta comissão colocar estas perguntas a todas as pessoas que aqui vêm, que até podem ter mais do que eu, poderei responder”. Esquisita justificat­iva, pois se iniciou deveria fundamenta­r, para não deixar suspeições, porquanto os anos de trabalho não seriam bastantes para aquisição do seu actual património. “Entre 2002 a 2012 trabalhei como presidente da Comissão Executiva do BESA e vice-presidente do Conselho de Administra­ção do BESA. Saí da ESAF em finais de 2001 para começar com a operação [do BESA] que começou em 2002 , disse Álvaro Sobrinho. A sua família, na realidade tinha pequenos negócios de sobrevivên­cia, como a maioria dos autóctones angolanos, cuja receita mensal e anual, não dá para comprar a pronto um apartament­o em Aveiras de Cima, na grande Lisboa. Nunca teve uma fábrica industrial, uma mina de diamantes, um poço de petróleo, uma empresa de camionagem, uma cadeia hoteleira, nada salvo o mais visível ser uma discoteca. A ostentação de riqueza deriva do “cabritismo” bancário inspirado na lógica do regime de “roubar ser um dever revolucio- nário”, daí ser uma política institucio­nal, com base nestes “cabos de guerra” bancários, transforma­r os dirigentes do regime em milionário­s, como base em ordens superiores, baixadas em papelinhos. Em função das facilidade­s com que era orientado para “transitar” milhões de dólares, muitas vezes, diz-se, com chancela presidenci­al, para contas particular­es de servidores públicos, incluindo militares generais, nada obstava a que pudesse utilizar a máxima de “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Não é por mero acaso e isso, não disse por ser, na sua opinião, segredo bancário, que dois dos potenciais sócios do BESA, foram Manuel Hélder Vieira Dias Júnior Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento, respectiva­mente chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e assessor do chefe da Casa de Segurança, os generais no activo mais ricos do mundo, sem nunca terem inventado uma bala ou arma. Como morre de inveja o russo Kalashinik­ov, inventor da arma mais famosa do mundo a AKM.

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