FUNCIONÁRIOS DA FIL NÃO RECEBEM SALÁRIO Há MAIS DE UM ANO
Sessenta e sete (67) trabalhadores da Feira Internacional de Luanda, S.A (FIL), endereçaram aos accionistas da empresa que realizava a maior bolsa de negócios de Angola, a FILDA, uma lista com mais de um ano de salários em atraso que chegam aos 110,9 milhões de Kwanzas. A tabela em questão soma o salário líquido, os subsídios de natal e de férias, com os valores contabilizados até Junho do ano em curso. A dívida referente especificamente a 15 meses de salários em atraso corresponde a 104.019.233 milhões de Kwanzas, ao passo que os subsídios de férias e de natal ficaram calculados num total de 6,8 milhões de Kwanzas. Por outro lado, os funcionários acusam o exdirector geral, Matos Cardoso de “má gestão”, apesar de este se ter defendido com o argumento de que a FIL se encontra nesta situação porque alguns ministérios, com quem realizou feiras, ainda não pagaram, mas os trabalhadores contrariam. “Não se justifica estarmos
tanto tempo sem salários por causa dos níveis de facturação dos últimos anos, apesar da dívida dos ministérios”, argumenta, um dos funcionários, que preferiu falar na condição de anonimato. “Sem dinheiro não tenho como sustentar a minha família. Estou a 15 meses sem salário, vivo de milagres. Os responsáveis da área financeira não são humanos, se fossem, deveriam pensar antes de prejudicar os outros”, desabafou, com lágrimas nos olhos. A lista endereçada aos accionistas refere-se ao mês de Março, somando apenas, na altura, 12 meses. Volvidos mais de três meses, a situação mantém-se inalterada, o que resultou no aumento do valor da dívida até Junho. Por outra, a lista segue com um ofício da Comissão de Direitos Humanos, Petições, Reclamações e Sugestões dos Cidadãos da Assembleia Nacional anexada à resposta do ministro da Economia à Assembleia Nacional (AN) para os accionistas maioritários da FIL e os minoritários, banco BAI, BPC e o Instituto de Fomento Empresarial Público (ISEP). No ofício, a Assembleia Nacional solicita que os accionistas tomem as providências pertinentes para que os salários e outros direitos dos trabalhadores sejam liquidados. Esforços envidados para contactar a nova administração da FIL, foram sem sucesso. Os trabalhadores da empresa completaram, em Junho, 15 meses sem salário e a presença de qualquer administrador da empresa no espaço da FILDA. Furiosa com a situação, a comissão de trabalhadores intentou um processo judicial contra Matos Cardoso (já exonerado, mas na altura, ainda em funções) e há apelos para que os outros accionistas possam liquidar os salários e outros benefícios a que têm direito, tendo a última carta sido endereçada na sema- na passada ao accionista ISEP, da qual se aguarda resposta breve. De recordar que o nome de Matos Cardoso chegou a constar, em 2011, de uma lista do Tribunal de Contas de gestores públicos e responsáveis pela gestão de fundos públicos que foram alvos de processos em julgamentos e outros condenados em primeira instância, tendo ainda processos de “responsabilidade financeira reintegratória” em julgamento. A FILDA teve uma pausa no ano passado devido a redução de inscrições dos expositores e por causa da crise financeira económica, que surgiu desde os finais de 2014 derivado da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o Kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016. Este ano, a Feira voltará, a abrir portas em Julho, com novos moldes e sob a promoção da empresa Arena Eventos.