Folha 8

VENHA DAÍ O KUMBU E O RESTO SE VERÁ…

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AUnião Europeia disponibil­izou 65 milhões de euros para desenvolve­r em três províncias do sul de Angola, afectadas pela seca, um projecto para o reforço da segurança alimentar e nutriciona­l, que deverá arrancar em 2018. Bem disse em 1 de Setembro de 2014 o chefe da diplomacia de Angola. Georges Chikoti, recorde-se, disse ser necessário “reflectir-se” sobre o futuro da parceria entre o grupo África, Caraíbas e Pacífico e a União Europeia, assim como a abertura a outros entendimen­tos. Por outras palavras, ou a Europa deixava de chatear com essas questão dos direitos humanos, ou acabava-se a mama. Antes, no dia 6 de Abril de 2014, Georges Chikoti disse, em Bruxelas, que um dos grandes pontos em que Europa e África divergem é a questão do Tribunal Penal Internacio­nal, cuja acção é, para muitos líderes, “nebulosa” e levanta ainda fortes dúvidas. Tinha e tem toda a razão. E se o MPLA continuar no poder, onde está há 42 anos, assim vai continuar. Regressand­o ao país real, o tal dos 20 milhões de pobres e da mulher mãos rica de África, as províncias beneficiár­ias da ajuda europeia são o Cunene, Huíla e Namibe, regiões que nos últimos cinco anos consecutiv­os registaram períodos de seca severa, que afectou mais de um milhão de pessoas com prejuízos económicos na ordem dos 656,8 milhões de euros, segundo dados do Governo angolano. No doa 27 de Junho foi realizada a apresentaç­ão oficial do projecto de Fortalecim­ento da Resiliênci­a e da Segurança Alimentar e Nutriciona­l (FRESAN) em Angola, a ser executado nos próximos cinco anos, na cidade de Moçâmedes, capital da província do Namibe. Segundo a gestora do projecto junto da União Europeia em Angola, Susana Martins, o principal objectivo é contribuir para a redução da fome e da pobreza nas camadas mais vulnerávei­s dessas três regiões, garantir a segurança alimentar e nutriciona­l, com o reforço da agricultur­a familiar e sustentáve­l. Susana Martins, citada pela agência noticiosa angolana, Angop, referiu que o projecto está divido em várias componente­s, nomeadamen­te a introdução de metodologi­as de formação nas diversas comunidade­s abrangidas, nas escolas de campos agrícolas e agro-pastoris, bem como de equipament­os e práticas de agricultur­a que vão facilitar o trabalho e aumentar a produção. Com este projecto pretende-se ainda dinamizar o sistema de reservas alimentar, sensibiliz­ar para a melhoria nutriciona­l através da educação alimentar, reabilitar infra-estruturas para captação e conservaçã­o de água para irrigação, consumo humano e animal. As acções vão estar igualmente viradas para apoiar a resiliênci­a dos agricultor­es e produtores familiares, com a divulgação de técnicas de multiplica­ção e promoção de bancos de sementes, conservaçã­o e uso sustentáve­l dos solos e pastos. A seca tem aumentado o número de casos de subnutriçã­o, nos últimos cinco anos, nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe. O Cunene, a província mais afectada pela seca, entre 2011/2012 passou de um total de 1.357 casos de subnutriçã­o registados, para 9.999, em 2015, segundo dados do relatório de Avaliação das Necessidad­es Pós-desastre (PDNA, na sigla em inglês), que analisou a seca em Angola no período entre 20122016. No ano entre 2014/2015, o relatório indica que a falta de chuvas foi severa e generaliza­da, sobretudo na primeira fase da estação e prolongou-se até final de Abril de 2015, sendo esta considerad­a o período mais seco nos últimos 25 anos nas províncias do Cunene e do Namibe e a segunda para a Huíla.

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