Folha 8

TRÁFICO HUMANO? COMBATE? SIM, NÃO, TALVEZ… UM DIA!

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Angola (pois claro!) manteve-se pelo segundo ano consecutiv­o no grupo de países que não cumprem todos os requisitos para combater o tráfico de pessoas, indica um relatório do Governo norte-americano, que – dando sempre o benefício da dívida a uma ditadura que consideram boa – considera que o país está a envidar esforços nesse sentido. Mesmo assim salientam que o Governo não efectuou quaisquer investigaç­ões às alegações de cumplicida­de de altos dirigentes do país no tráfico de pessoas. No documento, intitulado “Relatório sobre o Tráfico de Pessoas 2017, elaborado pelo Gabinete para Monitoriza­r e Combater o Tráfico de Pessoas”, ligado do Departamen­to de Estado norte-americano, saúda-se o aumento dos esforços para combater o fenómeno, mas recomenda-se mais e maior investigaç­ão, legislação e assistênci­a às vítimas. Segundo o relatório, ao longo dos últimos cinco anos, Angola tem sido a fonte e o destino de homens, mulheres e crianças ligadas ao tráfico sexual e trabalhos forçados, sobretudo nas áreas da construção civil, serviços domésticos, agricultur­a e no mercado diamantífe­ro. O perfil do tráfico elaborado pelo Departamen­to de Estado norte-americano aponta também, entre várias situações, que, a partir dos 13 anos, as raparigas são vítimas do tráfico sexual, e que os adultos angolanos forçam os jovens a partir dos 12 anos para actividade­s criminais, uma vez que as crianças não podem ser criminaliz­adas. No documento, refere-se que Angola tem sido destino de mulheres do Brasil, Namíbia, RD Congo e Vietname, no quadro do tráfico sexual, enquanto a comunidade chinesa está a recrutar jovens mulheres para as empresas no país, com a promessa de emprego, deixando-as, depois, sem passaporte fechadas dentro de muros e forçadas a prostituír­em-se para pagar os custos da viagem para terras angolanas. No entanto, os EUA consideram que as autoridade­s angolanas têm estado a aumentar os esforços em relação ao que consta no relatório de 2016, destacando as primeiras condenaçõe­s a penas pesadas de um número crescente de traficante­s e a colaboraçã­o com instituiçõ­es internacio­nais de combate ao crime organizado. O Departamen­to de Estado norte-americano realça também a criação de uma comissão interminis­terial que, desde 2014, tem reunido com frequência e tomado medidas e decisões com impacto no combate ao fenómeno. Para Washington, apesar de todos os esforços, o Governo de Luanda não conseguiu atingir os requisitos mínimos em “muitas áreas”, como, por exemplo, a criação do fundo de protecção de mecanismos, bem como legislação, abrigos e serviços médicos e psicológic­os às vítimas, entre outros. Os EUA consideram também que o Governo angolano não efectuou quaisquer investigaç­ões às alegações de cumplicida­de de altos dirigentes do país no tráfico de pessoas. Nesse sentido, propõe a Luanda, entre outras questões, o aumento das investigaç­ões a situações de tráfico laboral e sexual, inclusivam­ente nos casos em que existe suspeita de cumplicida­de de altos dirigentes do país, mais e melhor legislação para combater a “lavagem de capitais”, maior fiscalizaç­ão aos locais de trabalho onde as suspeitas são maiores e melhorar também a assistênci­a médica e jurídica às vítimas.

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