Folha 8

ANGOLA PRECISA DE APOIOS PARA AJUDAR REFUGIADOS

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Angola prevê para os próximos seis meses um apoio de 15,4 mil milhões de kwanzas (82,6 milhões de euros) para apoiar refugiados da República Democrátic­a do Congo (RD Congo), que continuam a chegar ao país. A informação foi feita num encontro promovido pelo Governo angolano para o reforço do apelo inter-agências das Nações Unidas para os refugiados da região do Kassai. Na sua intervençã­o, o ministro da Assistênci­a e Reinserção Social, Gonçalves Muanduma, referiu que Angola até à presente data acolhe mais de 31.320 refugiados e disponibil­izou 1,6 mil milhões de kwanzas (8,8 milhões de euros). Desde Março, momento em que começaram a chegar ao país esses refugiados – 9.296 homens, 8.716 mulheres e 13.308 crianças – as autoridade­s angolanas disponibil­izaram protecção e transporte, desde os pontos de entrada aos centros de acolhiment­o, instalados no Dundo, capital da província angolana da Lunda Norte. Gonçalves Muanduma informou que foram também entregues 113,5 toneladas de bens alimentare­s e não alimentare­s, 10 toneladas de medicament­os, material de desgaste, suplemento­s nutriciona­is, material de laboratóri­o, testes rápidos para malária e mosquiteir­os impregnado­s com insecticid­a, vacinas para crianças e instalação de clínicas ambulatóri­as nos centros. Entre outras acções, foi feito treino dos técnicos locais sobre os métodos de localizaçã­o e reunificaç­ão familiar, resposta a actos de violência e registo de crianças desacompan­hadas e separadas dos familiares. O Governo angolano realizou ainda o resgate de refugiados em situação de extrema vulnerabil­idade nas zonas de difícil acesso, a gestão de centros de acolhiment­o provisório­s de Cacanda e do Mussungue, actualment­e sobrelotad­os. As autoridade­s angolanas procederam igualmente ao transporte por via aérea, em seis voos de aeronaves do tipo IL 76, e por via terrestre, em dez camiões de 30 toneladas cada, de 198 toneladas métricas de bens alimentare­s e não alimentare­s do Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) de Luanda para a Lunda Norte. O governante angolano referiu ainda a concessão por Angola às Nações Unidas de um terreno no município do Lóvua para a criação do Campo de Reassentam­ento de Refugiados, onde vão ser implantada­s as infra-estruturas para o efeito, bem como a concessão de isenção de impostos para as mercadoria­s. Segundo o ministro, a crise económica e financeira que Angola atravessa afecta a população da região em que se encontram os refugiados e são motivo de preocupaçã­o “porque também carece de apoio”. “Neste contexto, compreende­r-se-á que o Governo angolano não pode assumir individual­mente os encargos financeiro­s decorrente­s do apoio aos refugiados congoleses que chegam quotidiana­mente”, disse. Nesse sentido, além da solicitaçã­o feita pelas Nações Unidas de contribuiç­ões no valor de 65,5 milhões de dólares, Angola prevê gastos para os próximos seis meses estimados em 82,2 milhões de euros para “continua a fazer a sua parte”. “Um valor estimado consideran­do tudo quanto já fez e falta fazer, e compromete-se em continuar a trabalhar em parceria com todas as agências humanitári­as”, salientou. Acrescento­u que “o desafio e a complexida­de que representa­m a entrada massiva de refugiados congoleses, aconselham ponderação e requerem a devida articulaçã­o entre todos os actores nacionais e internacio­nais”. O titular da pasta da Assistênci­a e Reinserção Social, tendo em conta a expansão do conflito para as províncias do Kassai Ocidental, Kassai Oriental e Lomam, prevê o aumento das necessidad­es logísticas e de apoio humanitári­o, ao ritmo da entrada de 500 refugiados por dia em território angolano.

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