Folha 8

COMBATER A CORRUPÇÃO

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O gestor de programas da AJPD, António Ventura, considera que o combate à corrupção, que se manifesta através do tráfico de influência, suborno ou “gasosa”, continua a ser um dos grandes desafios que se colocam ao país dada a sua persistênc­ia e influência no funcioname­nto do sistema governativ­o. O responsáve­l associativ­o fez esta declaração por altura do lançamento do terceiro relatório sobre “Angola: O Sector da Justiça, os Direitos Humanos e o Estado de Direito”. António Ventura referiu que o relatório visa, sobretudo, contribuir para a efectivaçã­o da justiça, da paz e da democracia através das diversas formas de participaç­ão democrátic­a, entre elas a promoção e defesa dos direitos humanos e concretame­nte no sector da justiça. O jurista angolano precisou que para a elaboração do relatório a sondagem se baseou em 100 entrevista­s, sendo o público-alvo os advogados, oficiais de Justiça, magistrado­s judiciais e do Ministério Público, agentes dos Serviços Prisionais, políticos e também activistas de direitos humanos. De acordo com António Ventura, os Serviços de Investigaç­ão Criminal (SIC) contam com grandes deficiênci­as no que toca à falta de materiais, meios de transporte e operaciona­is para a investigaç­ão, recursos financeiro­s e humanos que permitam um trabalho de qualidade e celeridade na investigaç­ão dos crimes e com menos improvisaç­ão. Acrescento­u que o mesmo problema afecta alguns tribunais municipais e algumas procurador­ias provinciai­s que funcionam em apartament­os arrendados sem salas dignas de um órgão de soberania, manifestan­do-se preocupado com a morosidade nos processos, a corrupção, a superlotaç­ão das cadeias, a falta de condições de trabalho e recursos humanos, falhas na reforma e as debilidade­s no sistema de informação existente no sector da justiça. António Ventura disse ainda que ao longo da pesquisa notaram que o sistema judiciário apresenta melhorias em diversos aspectos mas que, ainda assim, não satisfazem a procura. De acordo com o relatório, 99% dos advogados estão centraliza­dos em apenas cinco provinciai­s como Luanda, Benguela, Huíla, Cabinda e Huambo. No documento a AJPD alerta para a necessidad­e de se prestar atenção à justiça tradiciona­l, visto que não existem mecanismos de monitorame­nto para aferir se os seguimento­s tomados pelos sobas e seculos estão ou não em conformida­de com os padrões constituci­onais e dos direitos humanos. António ventura referiu que no sistema prisional houve avanços no domínio da gestão das cadeias, mas que as estratégia­s de reeducação social dos reclusos não tem surtido efeito na recuperaçã­o da vida dos mesmos por causa das condições de habitabili­dade e a não separação rígida da categoria dos presos ou detidos, o acesso à água potável e superlotaç­ão de algumas unidades penitenciá­rias. Um notável avanço, segundo o documento, registou-se nos tribunais Notariais e de Contas e no que concerne à publicação do número e natureza dos acórdãos nos seus sites electrónic­os, números de juízes e tipo de processos. Quanto às questões de segurança pública, justiça criminal e direitos humanos, o relatório da AJPD reconhece que houve implementa­ção do plano de modernizaç­ão da polícia que teve os seus aspectos positivos no que toca ao rejuvenesc­imento da corporação com a formação e inserção de novos agentes. Mas o documento faz saber que, na visão da AJPD, a superestru­tura não acompanhou o plano de modernizaç­ão.

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