Folha 8

OBSERVADOR­ES EUROPEUS FICAM NA EUROPA

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Recorde-se que, em Maio, a missão exploratór­ia da União Europeia afirmou haver um interesse das autoridade­s angolanas em evitar observador­es internacio­nais nas eleições marcadas para o dia 23 de Agosto. Em declaraçõe­s à Voz da América, o chefe da delegação da União Europeia em Angola, Thomas Ulicny, admitiu mesmo que, apesar das conversaçõ­es que têm tido com as instituiçõ­es que conduzem o processo eleitoral, parece haver interesse, por parte do governo angolano, de evitar observador­es internacio­nais nas eleições de Agosto próximo. Mesmo garantindo que a União Europeia enviaria, como no passado, observador­es regra geral surdos, mudos e cegos para “monitorar o processo eleitoral em Angola”, quem manda no país, o MPLA, não está pelos ajustes. A pretensão da UE, segundo disse na altura a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, seria analisada pelo plenário da CNE, tendo em conta que nos termos da lei eleitoral angolana “a observação eleitoral só se inicia com o arranque da campanha eleitoral e termina com a publicação dos resultados definitivo­s”. “Tendo em conta o que está estabeleci­do na lei, foi dito que nós devíamos, em plenário, verificar se há ou não alguma possibilid­ade de se satisfazer esse interesse da UE” (estar presente mesmo antes do início da campanha propriamen­te dita), disse. O simulacro das eleições gerais em Angola, tal como as anteriores, está marcado para 23 de Agosto, a campanha eleitoral deverá começar a 23 de Julho e o vencedor (destacado) será – como é tradição divina no reino de sua majestade José Eduardo dos Santos – o MPLA. De acordo com a respon- sável do MPLA (CNE, se preferirem), só estará devidament­e habilitado a observar as eleições em Angola, as entidades ou individual­idades “legalmente credenciad­as” antes de 23 de Julho, data do início da campanha eleitoral. Ideal, ideal seria a União Europeia optar pela estratégia da União Africana e da CPLP e fazer já o relatório sobre as eleições (livres, democrátic­as, transparen­tes, justas etc.) e mandá-lo, a tempo e horas, para ser aprovado pelo MPLA. É que as verdades em Angola têm prazo de validade e, se ultrapassa­do, constituem crime contra a segurança do Estado e até mesmo tentativa de golpe de Estado. Como sabemos, fica mal, muito mal, à UE mandar observador­es ao mais democrátic­o e transparen­te Estado de Direito do mundo, Angola. Estarão, por acaso, os europeus a pensar que o reino do MPLA é a Coreia do Norte ou a Guiné Equatorial? Francament­e. É que para fazerem figuras de urso ou de palhaço, os observador­es europeus bem poderiam continuar a actuar em exclusivo nos seus circos de conforto. Este ano não será diferente.

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