“ÚLTIMO ASSALTO” À VERDADE
Duas construtoras de origem portuguesa foram escolhidas pelo Governo angolano para empreitadas a realizar na histórica localidade do Kuito Kuanavale, no sul do país, que no total rondam os 25 milhões de euros. Coisa pouca para ajudar a branquear um acontecimento que o MPLA conta à revelia da verdade. A primeira empreitada foi atribuída, por despacho assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, de 4 de Julho à Tecnovia Angola, e envolve a reabilitação da estrada de acesso ao local da histórica Batalha do Kuito Kuanavale, província do Kuando Kubango, com uma área total de 30.500 metros quadrados. A empreitada, no valor de 2.041 milhões de kwanzas (10,7 milhões de euros), envolve ainda a reabilitação da Parada do Triângulo do Tumpo, neste caso com uma área de 11.628 metros quadrados. No texto da adjudicação é referido que o Governo angolano pretende “conferir maior dignidade” ao local daquela batalha, que teve lugar em 1988, “assim como facilitar o seu acesso à população, bem como homenagear todos aqueles que participaram da mesma”. Todos os que participaram na batalha? Não. Segundo o regime do MPLA na batalha participaram, entre outros, angolanos bons e angolanos maus. E, claro está, a homenagem é só para os angolanos bons, os das FAPLA. A batalha do Kuito Kuanavale, no conflito civil angolano, considerado o maior combate militar em África após a segunda guerra mundial e que então envolveu forças do Governo angolano (FAPLA), da UNITA (FALA), de Cuba e da África do Sul, comemora o trigésimo aniversário em 2018. A região insere-se no chamado “Triângulo do Tum- po”, considerado o ponto principal dos combates do Kuito Kuanavale, ocorridos a 23 de Março de 1988. Além da obra atribuída à TECNOVIA, o Governo angolano escolheu a AFAVIAS, construtora de origem portuguesa, para a obra de contenção e estabilização das ravinas da pista do aeroporto do Kuito Kuanavale, a adjudicar pelo Ministério da Construção por 2.627 milhões de kwanzas (13,9 milhões de euros). O Governo angolano, que se declarou vencedor da batalha do Kuito Kuanavale, propôs em 2016, na reunião do conselho de ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a instituição de 23 de Março como Dia da Libertação da África Austral.