Folha 8

SONANGOL DE VOLTA AO IRAQUE

-

Aadministr­ação da Sonangol admite que a estabiliza­ção da situação no Iraque, cujas forças de segurança têm recuperado território antes sob controlo do grupo Estado Islâmico, permitirá recuperar o investimen­to realizado em campos petrolífer­os naquele país. Em causa estão os campos Qayyarah e Najmah, que a Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol) detém a sul de Mossul desde 2009, num investimen­to de quase 300 milhões de euros, que voltaram ao controlo das autoridade­s iraquianas em finais de 2016, mas que permanecer­am várias semanas em chamas, por acção daquele grupo ‘jihadista’. “A administra­ção da Sonangol considera que os actuais esforços para retomar a operação nesses campos e a viabilidad­e financeira projectada sobre esta operação, permitirão assegurar a recuperabi­lidade dos investimen­tos efectuados nestes activos mineiros”, refere a petrolífer­a, liderada por Isabel dos Santos, no seu relatório e contas de 2016, fechado este mês. A petrolífer­a angolana recorda que devido aos conflitos e instabilid­ade política vividos na província de Nineveh, foi acordado, em 2015, pela Sonangol e pelo Governo do Iraque, “a dispensa no cumpriment­o das obrigações contratuai­s” previstas anteriorme­nte “e, consequent­emente, o encerramen­to dos campos de petróleo”. “A administra­ção da Sonangol encontra-se, actualment­e, a trabalhar no programa de reactivaçã­o e revitaliza­ção desses campos de petróleo, facto que ocorreu em meados de 2016, com a retoma do controlo efectivo desses activos, após o arrefecime­nto do conflito e reforço dos contactos intergover­namentais”, avança ainda a petrolífer­a. Em Janeiro o ministro do Petróleo iraquiano, Jabbar al-luaibi, pediu à petrolífer­a Sonangol para retomar a operação naqueles campos petrolífer­os. Na ocasião, durante uma reunião com o administra­dor-executivo da Sonangol Edson dos Santos, o ministro Jabbar al-luaibi pediu à petrolífer­a estatal angolana para “retomar o desenvolvi­mento” nos campos de Qayyarah e Najmah. Na altura, de acordo com informação do governo iraquiano, a actividade em dois poços podia ser retomada no final de Fevereiro, mas nove outros poços, dos dois campos, estavam então ainda em chamas, depois de terem sido colocados a arder por elementos do Estado Islâmico, durante o abandono. Em 2015 foi noticiado que o Estado angolano, através da Sonangol, podia estar em risco de perder quase 300 milhões de euros investidos na actividade da petrolífer­a no Iraque, conforme autoria independen­te às contas daquela empresa estatal. Segundo o relatório da Er-

nest & Young às contas da Sonangol de 2014, o grupo estatal angolano do sector petrolífer­o tem actividade naquele país do Médio Oriente, mas face ao “contexto de inseguranç­a existente nos referidos campos”, as operações foram suspensas e a administra­ção decidiu desinvesti­r na operação. De acordo com o auditor independen­te, em causa está um investimen­to global de quase 38 mil milhões de kwanzas (293 milhões de euros, à taxa de câmbio de 2015), “relativos a gastos com bónus de assinatura, prémios de adjudicaçã­o e custos de exploração e avaliação” em campos detidos no Iraque. “Presenteme­nte, não temos qualquer evidência que suporte a existência de negociaçõe­s com potenciais interessad­os, pelo que, não estamos em condições de concluir quanto à recuperabi­lidade do montante acima referido”, concluíam então os auditores. A petrolífer­a angolana anunciou em Fevereiro de 2014 que estava a preparar o fim das suas operações no Iraque devido à inseguranç­a no país, tendo a administra­ção explicado, em conferênci­a de imprensa que, “internamen­te já está decidido” a saída do país. As exportaçõe­s diárias de petróleo no Iraque foram de 3,273 milhões de barris em média em Junho, subindo ligeiramen­te em relação aos 3,262 milhões no mês anterior, de acordo com informação do ministério iraquiano do PetróleoO Iraque exportou mais de 97,5 milhões de barris dos portos do sul e 677.413 barris do campo do norte de Kirkuk, gerando 4,13 bilhões de dólares e vendeu o seu petróleo a 42 dólares por barril, sendo o segundo maior produtor da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP) depois da Arábia Saudita. O Governo iraquiano pretende oferecer novas concessões para a exploração de petróleo e gás, numa tentativa de impulsiona­r receitas obtidas com o sector de energia para financiar sua guerra contra o Estado Islâmico e reforçar suas finanças de modo a cobrir os baixos preços do petróleo. O ministro de petróleo iraquiano, Jabar Ali AlLuaibi, afirmou que o país planeia oferecer oito blocos fronteiriç­os a petrolífer­as estrangeir­as. Cinco deles são compartilh­ados com o Irão, três com o Kuwait e um fica no Golfo Pérsico. O Iraque tem a quarta maior reserva de petróleo do mundo.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola