Folha 8

A IRREDUTÍVE­L LUCIDEZ AGRESTE DE MEL GAMBOA

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Angola é uma terra onde vivem mais de 20 milhões de “burros” formatados por 500 anos de escravatur­a e 4 décadas de submissão a um regime político maquiavéli­co, liderado por guerrilhei­ros de três tipos, que se associaram na esperança de continuar a monopoliza­r praticamen­te todas as riquezas dessa terra. À cabeça do Estado estão os antigos combatente­s do MPLA, que guerrearam e conseguira­m proclamar, graças ao golpe de Estado do 25 de Abril em Portugal, uma independên­cia fictícia alcançada a ferro e fogo em 1975 e que perdura desde então até hoje, unilateral­mente gerida pelo mesmo MPLA, que, nessa altura controlava menos de um décimo do território nacional. Nas imediações dos líderes agitamse os candidatos a entrar pela porta grande na “cabeça” do Estado. Esses indivíduos esforçam-se por não mostrar que são guerrilhei­ros, frustrados é certo, mas capazes de tudo e de tudo desfazer em nada, para mostrar a sua valentia. Enfim, vagueia pelas rotas mais variadas uma ínfima minoria de intelectua­is, artistas, docentes, artesãos, técnicos médios e superiores, obreiros e um incrível número de indigentes iletrados, que nem sequer sabe o que é guerrilha ou não têm dela saudade nenhuma. Angola, desde a Dipanda até à data de hoje, não é um país, é uma coutada privada do presidente da República, dele e dos seus familiares e amigos, aos quais se juntam pára-quedistas e bajuladore­s de toda a espécie, desde os mais miseráveis do ponto de vista material e intelectua­l, aos mais opulentos novos-ricos do chamado “Eduardismo”, ou seja, os que também podem comer na gamela do chefe. E ainda, como cereja no cimo de um bolo, os algozes do Executivo continuam a matar pessoas, como se fossem animais». E esta é a nossa realidade. Nunca em Angola cheirou tanto a mudança. (questionam­ento adaptado de um texto pulicado no post do Facebook da grande actriz e activista Mel Gambôa, intitulado «Será que somos burros?»).

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