A IRREDUTÍVEL LUCIDEZ AGRESTE DE MEL GAMBOA
Angola é uma terra onde vivem mais de 20 milhões de “burros” formatados por 500 anos de escravatura e 4 décadas de submissão a um regime político maquiavélico, liderado por guerrilheiros de três tipos, que se associaram na esperança de continuar a monopolizar praticamente todas as riquezas dessa terra. À cabeça do Estado estão os antigos combatentes do MPLA, que guerrearam e conseguiram proclamar, graças ao golpe de Estado do 25 de Abril em Portugal, uma independência fictícia alcançada a ferro e fogo em 1975 e que perdura desde então até hoje, unilateralmente gerida pelo mesmo MPLA, que, nessa altura controlava menos de um décimo do território nacional. Nas imediações dos líderes agitamse os candidatos a entrar pela porta grande na “cabeça” do Estado. Esses indivíduos esforçam-se por não mostrar que são guerrilheiros, frustrados é certo, mas capazes de tudo e de tudo desfazer em nada, para mostrar a sua valentia. Enfim, vagueia pelas rotas mais variadas uma ínfima minoria de intelectuais, artistas, docentes, artesãos, técnicos médios e superiores, obreiros e um incrível número de indigentes iletrados, que nem sequer sabe o que é guerrilha ou não têm dela saudade nenhuma. Angola, desde a Dipanda até à data de hoje, não é um país, é uma coutada privada do presidente da República, dele e dos seus familiares e amigos, aos quais se juntam pára-quedistas e bajuladores de toda a espécie, desde os mais miseráveis do ponto de vista material e intelectual, aos mais opulentos novos-ricos do chamado “Eduardismo”, ou seja, os que também podem comer na gamela do chefe. E ainda, como cereja no cimo de um bolo, os algozes do Executivo continuam a matar pessoas, como se fossem animais». E esta é a nossa realidade. Nunca em Angola cheirou tanto a mudança. (questionamento adaptado de um texto pulicado no post do Facebook da grande actriz e activista Mel Gambôa, intitulado «Será que somos burros?»).