“O FIM DA EXTREMA-ESQUERDA EM ANGOLA” DE LEONOR FIGUEIREDO
O fim das atividades da extrema-esquerda em Angola no período entre a “Revolução dos Cravos” em Portugal e a independência angolana, com a existência de “duas alas” no MPLA em Luanda, é relatado no novo livro da jornalista portuguesa Leonor Figueiredo.
Ofim das atividades da extrema- esquerda em Angola no período entre a “Revolução dos Cravos” em Portugal e a independência angolana, com a existência de “duas alas” no MPLA em Luanda, é relatado no novo livro da jornalista portuguesa Leonor Figueiredo. “O Fim da Extrema-esquerda em Angola”, publicado pela editora Guerra & Paz e chegou às livrarias portuguesas na primeira semana de Julho eé o resultado de uma investigação feita pela jornalista que, apesar de ter nascido em Portugal, cresceu em Luanda, apoiada em mais de 30 testemunhos recolhidos nos dois países. Lamentando a pouca documentação disponível sobre um dos períodos mais intensos, paradoxalmente, da democracia em Angola - 25 de abril de 1974 e 11 de novembro de 1975 -, a autora argumenta com o facto de grande parte do espólio ter sido ou apreendido ou destruído, ou ainda “guardado” por personalidades de então. Após o “25 de abril” em Portugal, Luanda recebeu as duas alas do Movimento Popular de libertação de Angola (MPLA), um o oficial, oriundo das matas onde decorreu o conflito (1961/74), e outro, urbano, mais informal, integrado por jovens que imaginaram, ouvindo, na rádio, as emissões clandestinas do Angola Combatente. “O livro procura relatar a complexidade dos caminhos de aprendizagem da liberdade e do debate político, ajudando a compreender melhor o que se passou, aproveitando para denunciar o que a história oficial não conta”, escreve a autora. Segundo Leonor Figueiredo, cujo novo livro é o quarto da autora sobre períodos da História Contemporânea de Angola, após o “25 de abril” em Portugal, os jovens de Luanda tornaram-se “politicamente muito ativos”, tendo desenvolvido ações nas escolas e musseques em nome do MPLA. “Foi o choque de duas gerações e de duas ideologias, a pró-soviética, da cúpula do MPLA, e a maoista, dos jovens idealistas. As primeiras prisões políticas ocorreram ainda antes da independência de Angola”, salienta a autora. Segundo Leonor Figueiredo, estima-se que mais de 100 militantes da extremaesquerda angolana, desde os Comités Amílcar Cabral (CAC), à Organização Comunista Angolana (OCA) e ao Núcleo José Stalin (NJS), foram presos e torturados até 1980. “Só depois de várias e prolongadas greves de fome é que os libertaram. Eram homens e mulheres, angolanos e portugueses”, realçou. Este é o quarto livro de Leonor Figueiredo a abordar períodos da História Contemporânea de Angola, depois de “Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola” (2009), “Sita Valles: Revolucionária, Comunista até à Morte” (2010) e “Luanda 1974/1975: O Movimento Estudantil” (2012). “O Fim da ExtremaEsquerda em Angola” chegou às livrarias, com a sessão de lançamento a decorrer na Casa da Imprensa, em Lisboa, com apresentação de Michel Cahen, diretor de investigação do Cnrs-bordeaux, e comentários de Sedrick de Carvalho, jornalista angolano, um dos «15+2» - grupo de ativistas condenados em Março de 2016 por rebelião e associação criminosa e libertados três meses depois por decisão do tribunal.