Folha 8

UNITA CORTA-LHE AS ASAS E QUER QUE O GALO VOE?

-

Oporta- voz da UNITA, Alcides Sakala, disse que a sondagem que aponta para uma descida nas intenções de voto do seu partido para as eleições de 23 de Agosto “não merece credibilid­ade” e que foi organizada para “diminuir o ímpeto vitorioso” que o “Galo Negro” tem mostrado nesta campanha. Como sempre tem acontecido, quem dá o corpo ao manifesto sãos os cidadãos mais ou menos anónimos, mantendo-se os partidos da oposição no recato dos seus gabinetes. Aliás é bem provável que a UNITA odeie todos aqueles que, citando Jonas Savimbi, vão lembrando que mais vale ser livre de barriga vazia do que escravo com ela cheia. Os angolanos continuam sem saber se qualquer reflexão que ultrapasse o círculo dos que assassinam a UNITA elogiando a es- tratégia de Isaías Samakuva (é tal e qual o que se passou com Eduardo dos Santos) serve para acordar aqueles que sobrevivem com mandioca ou, pelo contrário, apenas se destinam a untar o umbigo dos que se banqueteia­m com lagostas, em Luanda. Perante os sucessivos desastres eleitorais (e no próximo – com ou sem sondagens – será pior), Isaías Samakuva não pode continuar a aceitar e a querer ir de derrota em derrota até à…. derrota final, conforme vaticina o seu adversário principal. O líder do Galo Negro não pode limitar-se a posições cosméticas para tudo ficar na mesma. Não percebeu, afinal, que o regime quer colocar a UNITA enquanto principal partido da Oposição em cima de um tapete rolante que anda para trás. Por isso limita-se a andar. E, é claro, fica com a sensação de estar a ganhar terreno mas, no final de contas, está sempre no mesmo sítio. Jonas Savimbi dir-lhe-ia, certamente, isto de forma mais assertiva. Isaías Samakuva é com certeza o líder que muitos militantes querem. Não é de crer que seja, com esta postura, de tudo aceitar, no politicame­nte correcto, a alternativ­a, para apear do poder o MPLA, que Angola e os angolanos carecem. Longe disso. Ao contrário de Jonas Savimbi que, mesmo errando muitas vezes, agia, Samakuva não pode continuar a dar-se ao luxo de se limitar a reagir e a muito custo. Em vez de entender a mensagem, manda “abater” o mensageiro. Ninguém melhor do que Samakuva, como presidente, para saber se a UNITA vai conseguir viver sem comer. UNITA no sentido dos homens e mulheres que tinham orgulho no Galo Negro que transporta­vam no peito. Um dia destes, talvez já no final de Agosto, o MPLA virá dizer, com uma lágrima no canto do olho (sorridente) que exactament­e quando estava mesmo, mesmo quase, a saber viver sem comer, a UNITA sucumbiu, na margem. Muitos que, andam, actualment­e, ao redor de Samakuva, na UNITA, e nisto é igual ao MPLA, prefere ser assassinad­a pelo elogio do que salva pela crítica. E quando assim é… não há memória que a salve, nem mesmo a do Mais Velho. O sacrificad­o povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia e que assim vai continuar, não viu, não vê e assim nunca verá na UNITA a alternativ­a válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Samuel Chiwale Jeremias Kalandula Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces e Elias Salupeto Pena. Terá sido para isto que Jonas Savimbi lutou e morreu?, perguntam muitos angolanos das gerações mais velhas. Não. Não foi. E é pena que os seus ensinament­os, tal como os seus muitos erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido. Será que a UNITA não enterrou, depois da morte de Savimbi, o espírito que deu corpo ao que se decidiu no Muangai em 13 de Março de 1966? Foi do Muangai que saíram pilares como a luta pela liberdade e independên­cia total da Pátria; Democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos. Foi de lá que também saíram teses sobre a defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; busca de soluções económicas, priorizaçã­o do campo para beneficiar a cidade; liberdade, democracia, justiça social, solidaried­ade e ética na condução da política. Alguém, na UNITA, se lembra hoje de quem disse: ”Eu assumo esta responsabi­lidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado”?

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola