Folha 8

A CAMPANHA DE MARKETING DO MPLA

-

João Gonçalves Lourenço foi escolhido por Sua Excelência, José Eduardo dos Santos para ocupar o mais alto cargo político da Nação entre uma espetada de eruditos predadores, especializ­ados na “obtenção primitiva de riqueza(s)”estou a referir-me a um punhado de pessoas, nomeadamen­te, Manuel Vicente, Hélder Júnior Vieira Dias Kopelipa, Piedade Dias os Santos Nandó, Isabel dos Santos e Filomeno dos Santos. Por outro lado, não ofende nem denigra ninguém dizer que na lista de candidatos à sucessão de Sua Excelência, se contam por dezenas as personagen­s do topo de gama da “intelligen­tzia” angolana, entre generais, ministros e ex-ministros de Estado, banqueiros, que tudo fizeram na vida para colher favores de Sua Excelência e esperar aceder ao mesmo fim, por via de processos conduzidos no sentido quase exclusivo de depravar o erário público a coberto duma fidelidade canina ao chefe supremo. Isto sem falar de milhares de cidadãos angolanos que, pelo menos uma vez na vida, sonharam ocupar o posto de presidente das República, ou que, por saberem que é causa perdida de avanço, no mínimo se esforçam para que o seu filho o venha a ser. No caso pendente, o vencedor desse tipo de corrida foi João Lourenço. Mas, por mais que pareça absurdo, teve pouca sorte! Para começar, a sua chegada ao topo do areópago do poder, sem querer ofender, assemelha-se à entrada de um espermatoz­oide num óvulo, mais precisamen­te, à entrada no óvulo duma mulher, se nos referirmos à doutrina cristã, que con- sidera o espermatoz­oide vencedor, o que entrou no óvulo, como sendo portador duma mensagem de Deus, a alma, que só os seres humanos têm. Quanto ao caso de João Lourenço, certo é que, na sua subida ao posto de candidato a presidente da República, ele se fez acompanhar duma mensagem, não de Deus, é verdade, mas de Sua Excelência. Qual mensagem? ... Uma mensagem que assenta como uma luva no teor da doutrina teológica da Igreja Católica, e não só, segundo a qual a opacidade dos mistérios religiosos permite transforma­r o que parece absurdo em dogma, ou seja, em inamovível e indiscutív­el verdade religiosa. No que diz respeito a João Lourenço, a verdade decorrente é a política, claro está, ou seja, a palavra de Sua Excelência - e que louvado seja ele -, enquanto nos seus discursos de campanha, o que ele tem por missão é prometer ao povo o que sempre lhe foi recusado. Pouca sorte. O mal-estar que ele deve sentir, se o sentir dever-se-á ao facto de a mensagem de que ele é portador não cola à realidade angolana, embora seja verdade que ela se estenda, por ora, a todas as formações políticas que concorrem às eleições Todas prometem que vão fazer e acontecer coisas e loisas e nenhuma é capaz de explicar como e de onde virá o dinheiro para realizá-las. Entretanto, a oposição, impotente, atónita e afónica, ouve sair da boca do candidato escolhido por Sua Excelência, entre muitas promessas inexequíve­is, as mesmíssima­s propostas que eles fizeram anos a fio e sempre foram recusadas pelo partido no poder.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola