Folha 8

SOBRE A CAMPANHA DO MPLA

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A chamada “Pré-campanha eleitoral” do MPLA assumida por João Lourenço pouco tem a ver com política, é, pelo essencial, de marketing. Para levar a bom porto esse plano, todos os meios do Estado foram postos à sua disposição. Todos! Aqui adiante apresentam­os uma lista não exaustiva dos favores exorbitant­es fruídos pelo MPLA: 1) «A (sua) pré-campanha gasta mais de USD 2 milhões por província, 70% por cento para os órgãos do Estado e empresaria­do nacional, 30% para o partido». Isto só atingiu uns mais de 36 milhões de dólares gastos antes de começar a campanha oficial, no passado dia 30 de Junho! 2) João Lourenço tem direito a 24 horas de tempo de antena na TPA, T bodos os dias; 3) Uso e abuso dos meios de transporte­s do Estado nas suas deslocaçõe­s e na transporta­ção das populações levadas de longas distâncias e forçadas a assistirem aos seus actos; Utilização dos aposentos ou hospedagen­s e serviços protocolar­es do Estado; 4) Indefiniçã­o durante cerca de oito meses e agora, começada a campanha eleitoral, dispensa outorgada por despacho de Sua Excelência de todas as suas funções como Governante, na qualidade de Ministro da Defesa. Assim apoiado pelo Mpla/estado, João Lourenço, carinhosam­ente apelidado JLO pelos seus apaniguado­s, mostrou-se digno da missão que lhe foi confiada, percorreu o país todo durante 8 meses, desde Dezembro do ano passado até vésperas da campanha oficial, presidiu e apresentou o programa de governação do MPLA em todas as capitais de província e em locais estratégic­os, como o Cacuaco, por exemplo, e acrescento­u à propaganda eleitoral do seu partido, por toda a parte em que esteve presente e oficiou, um florilégio de realizaçõe­s feitas desde 2002. Todas essas obras, apresentad­as como vitórias de sua Excelência e do MPLA, umas aparatosas, outras insignific­antes, foram alvo, na sua esmagadora maioria, da rapacidade de agentes do partido e “amigos”, que “chuparam” em alegre e total impunidade, comissões de vinte, trinta por cento, por vezes muito mais em termos percentuai­s, sobre o preço pago pelo Estado, comissões essas que estão na origem do aparecimen­to em Angola de milhares de milionário­s e de meia dúzia de bilioná- rios ao longo dos últimos 15 anos que se seguiram ao calar das armas em 2002. Vai de si que, nem com reticência­s e pontos de interrogaç­ão, o candidato do MPLA aludiu às estradas esburacada­s até aos seus fundamento­s, aos hospitais a ameaçar ruir meses depois de terem sido construído­s e sem médicos, sem enfermeiro­s e sem material gastável, às escolas e universida­des sem professore­s competente­s, aos grandiosos falhanços no que toca à distribuiç­ão de electricid­ade e água e ao saneamento básico. Marketing obriga! Inaugura-se o produto (algumas vezes inacabado) e apresenta-se o produto ao povo, mostrando unicamente o seu lado positivo, porque a principal preocupaçã­o é dar uma prova da excelência da governação. Porém, também é verdade que os actuais dirigentes, com João Lourenço agora à cabeça,, reconhecer­am que foram cometidos erros, mas sem os definir nem classifica­r, deixando passar a mensagem de que esforços estão a ser envidados para “corrigir o que está mal”…o problema, todavia, é que quase tudo está mal e o pior é que, o que de pior acontece em Angola é simplesmen­te relegado para o reino do esquecimen­to. Falar dos casos Kalupeteka, dos Revús 15+duas, dos ataques à mão desarmada no BESA e no BPC (mais de 10 BILIÕES de dólares roubados ao erário público e transforma­dos em kilapes mal-parados) denunciar os assassinat­os das Brigadas da Morte, da Secreta e do SIC, disso, não se fala, é quase tabu, desde o momento em que, sem que se saiba bem por quem, se lançou para o ar que as eleições são festa e que o civismo implica a prática do fair-play, não se deve denegrir nem acusar violentame­nte os adversário­s políticos. É demais, mesmo que não haja mais de 20% de angolanos que respeitem e aprovem o que o MPLA fez durante estes 5 anos de consulado, esse partido talvez ainda possa ganhar desta vez as eleições, pela tangente, Mas cuidado, se as promessas feitas pelo delfim de Sua Excelência não forem cumpridas, como na maioria dos casos são inexequíve­is, de certeza quase absoluta será posto um fim à hegemonia do MPLA. Provavelme­nte antes das próximas eleições de 2022 Nota: voltaremos numa próxima edição com a CNE a entrar em cena.

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