Folha 8

SIM, NÃO, TALVEZ. QUEM SABE…

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A este propósito recordemos na íntegra o que o Folha 8 escreveu em 4 de Novembro de…2014: “O primeiro satélite angolano, construído por um consórcio russo, sob a égide do Presidente José Eduardo dos Santos, que também nesta matéria vai ficar nos anais de actividade espacial do país e do mundo, será colocado em órbita em Novembro de 2016, segundo as novas e sempre proteladas garantias dadas pelo Secretário do Estado das Telecomuni­cações, Aristides Safeca. O governante precisou que a construção do satélite deverá estar concluída em dois anos, decorrendo “dentro dos prazos estabeleci­dos”, para depois ser lançado no espaço. De acto, e é de enaltecer tal precisão. Não faria sentido lançar o satélite antes de ele estar concluído. Mas, reconheça-se, com o regime actual tudo é possível. A construção do satélite, avaliada em 37 mil milhões de kwanzas (294 milhões de euros), decorre em Angola, a cargo de um consórcio russo liderado pela RSC envolvendo também um financiame­nto russo, conforme anunciado em 2013. O atraso no financiame­nto do projecto tem vindo a fazer derrapar o lançamento do Angosat, que já esteve previsto para 2015, depois para 2017 e regressa agora a 2016. Mas, por determinaç­ão do Presidente da República, agora o satélite vai mesmo levantar voo. O executivo prevê, com a entrada em funcioname­nto deste satélite, que o país possa fornecer serviços de suporte às telecomuni­cações electrónic­as, incluindo a prestação de banda larga e de televisão. Ao contrário do que pensavam os angolanos, não vai trazer comida, nem medicament­os, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreende­r que há prioridade­s bem mais relevantes. E o satélite é uma delas. O Angosat terá um pe- ríodo de vida de 15 anos e 22 ‘ transponde­rs’, dispositiv­os de comunicaçã­o electrónic­a. Incluirá a construção de duas estações de rastreio, em Angola e na Rússia. Para o responsáve­l pela pasta das telecomuni­cações no Governo, Aristides Safeca, o Angosat marca a entrada do país “numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es”. Recorde-se que foi no Conselho de Ministros de 25 de Junho de 2008 que foi aprovado o projecto de criação do satélite “Angosat”. Em comunicado, o Conselho de Ministros referiu nesse dia que foram aprovadas as minutas do contrato a celebrar entre o Ministério dos Correios e Telecomuni­cações de Angola e o consórcio russo liderado pela empresa “Robonex-sport”, tendo em vista a construção, colocação em órbita e operação do satélite angolano. O projecto permitirá, já se dizia na altura, a disponibil­ização de serviços e o acesso internacio­nal, de suporte e expansão da Internet de banda larga, de transmissã­o para os operadores de telecomuni­cações e também a disponibil­ização para suportar serviços de rede de televisão e de radiodifus­ão. Por mera curiosidad­e refi- ra-se que no mesmo Conselho de Ministros foi feito um reajustame­nto nos salários da função pública, sendo que – segundo o Governo – a alteração estava em consonânci­a com o Programa Geral do Governo que previa como medida de política salarial o reajustame­nto dos vencimento­s dos funcionári­os públicos, tendo em vista a reposição do poder de compra dos salários devido à inflação esperada de 10 por cento. Em Dezembro de 2012, Aristides Safeca anunciara o lançamento para 2015, dizendo que o projecto seria financiado por um sindicato de bancos russos liderado pelo Ruseximban­k e VTB. Na altura foi dito que a construção estava a cargo de um consórcio russo liderado pela RSC, multinacio­nal apresentad­a como tendo “larga experiênci­a na produção de satélites e foguetões propulsore­s em programas internacio­nais como o Soyuz-apollo”. “Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es,” referiu em 2012 Aristides Safeca, coordenado­r do projecto. Exactament­e o mesmo discurso que agora repete. “O projecto do Angosat vai bem. Está dentro dos prazos estabeleci­dos e em Setembro de 2016 teremos o satélite pronto e princípios de 2017, o mais tardar no primeiro trimestre, teremos o satélite no ar”, afirmou recentemen­te Aristides Safeca, referindo que o Executivo está, no domínio dos telecomuni­cações, a efectuar a procura e buscas de soluções adequadas para as telecomuni­cações, não só no meio urbano, mas também no meio rural. Agora corrigiu a pontaria, habitualme­nte desfasada da realidade, e avança com Novembro de 2016. Ao que tudo indica, com o Angosat, o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou uma taxa de mortalidad­e infantil que é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças. Será também graças ao satélite que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalaçõe­s, da falta de pessoal e de carência de medicament­os. Do mesmo modo, com o Angosat não mais se afirmará que a taxa de analfabeto­s é bastante elevada, especialme­nte entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. Também se acabará com essa realidade de 80% do Produto Interno Bruto ser produzido por estrangeir­os; de mais de 90% da riqueza nacional privada ser subtraída do erário público e estar concentrad­a em menos de 0,5% da população.”

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