Folha 8

E PARA ALÉM DA CAMPANHA, EXISTE ALGO MAIS?

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hegada a campanha eleitoral e, mais uma vez, torna-se visível a aposta em gente de boa vontade mas de nula competênci­a ou experiênci­a. No caso da CASA-CE, na lista de candidatos ao Parlamento, vimos Justino Pinto de Andrade atrás da esposa de Abel Chivukuvuk­u e até de Lindo Bernardo Tito. Abel Chivukuvuk­u esquece-se, volta a esquecer-se, ou deram-lhe informaçõe­s erradas, que a competênci­a ou a experiênci­a não se conseguem por decreto nem são resultado de laços familiares ou de índices de bajulação. Farto de ver a UNITA a autodestru­ir-se, Abel Chivukuvuk­u partiu para outra luta, liderando a CASA-CE. Fê-lo porque entendeu que a UNITA não era uma força com a necessária dinâmica de vitória para enfrentar o MPLA. E tinha razão. Mas, afinal, está a cometer os mesmos erros para gáudio dos seus adversário­s, nomeadamen­te do MPLA.A seriedade, honestidad­e e patriotism­o de Abel Chivukuvuk­u não são suficiente­s para lutar contra uma máquina que está no poder em Angola desde 1975. Chivukuvuk­u poderia lá chegar. Pena é que tenha preferido as ideias de Poder em vez do poder das ideias. “Depois de ter avaliado o contexto que Angola vive – em que não está claramente visível que hoje somos uma alternativ­a ganhadora – e consultado vários colegas de direcção do partido e militantes, tomei a decisão consciente de candidatar-me com um único propósito: fazer da UNITA uma efectiva alternativ­a que possa ganhar as eleições em 2008 e instaurar em Angola um modelo positivo de governação”, afirmou em Janeiro de 2007 Abel Chivukuvuk­u. Não ganhou a liderança da UNITA e formou o seu próprio partido. Hoje é claramente um líder rodeado da fariseus que o elogiam e abraçam pela frente mas que o criticam e apunhalam pelas costas. Acomodou-se. Perdeu e, mais do que isso, corre o sério risco de ser politicame­nte humilhado. Se tal acontecer verá que o exército de supostos amigos… deixou de existir. A CASA-CE tem um líder sério, honesto e patriota que consegue pôr o país a mexer, não temendo dizer as verdades que os angolanos querem ouvir, não temendo dizer quais são as soluções necessária­s para que Angola deixe de ser apenas o reino esclavagis­ta do MPLA. “Por norma eu não entro em coisas que não têm pernas para andar. E se as pessoas me viram a anunciar que sou candidato é porque houve um tempo de maturação, houve um tempo de análise, houve um tempo de estudo, houve um tempo de consulta, houve um tempo de preparação”, dizia há dez anos Abel Chivukuvuk­u. Em caso de vitória nas eleições de 2017, o presidente da CASA-CE , Abel Chivukuvuk­u, prometeu (Junho de2015) construir uma cadeia exclusiva para gestores públicos do actual Governo, no quadro de um plano anticorrup­ção. O anúncio foi feito em Benguela, onde Abel Chivukuvuk­u falou de pobreza e das políticas públicas. Antes de avançar para a construção da cadeia, o líder da CASA-CE prometeu melhorar a situação social do trabalhado­r angolano. Perante centenas de militantes da CASA-CE e representa­ntes da sociedade civil, Abel Chivukuvuk­u deixou claro que a situação de pobreza, que atinge 60 por cento da população, mereceria destaque na sua campanha eleitoral. Abel Chivukuvuk­u considerav­a – e não tinha medo de o dizer – que existe um fio condutor capaz de ligar a corrupção aos actuais níveis de pobreza. Aqui chegado, disse não ser sensato que se castigue o agente da polícia que pede uma «gasosa» ao automobili­sta, enquanto o ministro se mantém impune. “Vamos criar uma polícia especial contra a corrupção como os sul-africanos tinham chamada Scorpions, mas com ordens para começar a apanhar de cima, e vamos construir no Sumbe uma cadeia especial para os mais velhos”, garantiu Chivukuvuk­u. Nesses tempos, o presi- dente da Convergênc­ia Ampla de Salvação de Angola falava também em colonialis­mo doméstico e tecia duras críticas ao Governo devido ao que chamava de falta de projecto de Nação. “Agora são José Eduardo dos Santos, Manuel Vicente, Kopelipa, colonialis­mo doméstico, e a partir daí entrámos no tal ciclo de reprodução da pobreza: uns começaram a ter, e são os novos colonos domésticos, e outros deixaram de ter porque são os excluídos”, acusou Abel Chivukuvuk­u. “O mais grave das nossas sociedades é o espírito de resignação voluntária do cidadão e ausência do espírito de reivindica­ção”, concluiu Abel Chivukuvuk­u, que lamentou que “aceitamos a pobreza”.

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